• Como um diagnóstico errado motivou a criação da V-Lab, healthtech que oferece tecnologia em vídeo para exames

    Thiago Lima é o CEO da V-Lab
    Jose Renato Junior | 23 ago 2021

    Já parou para pensar para onde vão os exames em vídeo que realizamos? Muitas vezes, as empresas de medicina diagnóstica por imagem têm grandes dificuldades de armazenar esses dados, o que pode desencadear no arquivamento errado ou até na exclusão desses exames.

    Foi pensando em uma forma de solucionar esse problema que surgiu a V-Lab. Na verdade, a healthtech nasceu a partir de uma situação que aconteceu com Thiago Lima, CEO da empresa. 

    “Eu e minha esposa tivemos uma experiência bem traumática quando decidimos ter filhos. Tivemos dois abortos espontâneos e um diagnóstico equivocado na terceira gravidez, que gerou muita angústia e apreensão, apesar de estar tudo normal”, afirma ele. 

    “A primeira reação que tivemos quando recebemos esse diagnóstico errado foi levar as fotos para obter uma segunda opinião, mas o médico não conseguia opinar baseado apenas naquele conteúdo. Ele precisava do vídeo, ou que o exame fosse refeito”, continua o CEO. 

    “Procurei entender por que não havia a gravação, apenas a imagem e, então, descobri que era por falta da infraestrutura nas empresas de medicina diagnóstica para capturar o vídeo. Das poucas que gravavam, o faziam gravavam em DVD.”

    Thiago é formado em comunicação e fundador de uma empresa que trabalha com tecnologia de vídeo streaming para o setor corporativo. 

    A combinação de seu conhecimento técnico com o problema pessoal foi a motivação para a criação da V-Baby, que faz transmissão ao vivo e grava em nuvem exames de ultrassom obstétrico. 

    “Auxiliamos grandes players de medicina diagnóstica a entregar uma experiência mais humanizada para suas clientes gestantes. Afinal, elas podem compartilhar o exame ao vivo com seus familiares e guardar a gravação completa como recordação, eliminando métodos obsoletos de gravação, como DVDs ou pen drives.”

    Quando o produto passou a ganhar atração, Thiago resolveu fundar uma empresa somente para atuar com vídeo no setor de saúde. 

    E assim nasceu a V-Lab. Em agosto de 2018, alguns meses antes de a empresa surgir de fato, houve uma rodada de investimento anjo. “Não podemos abrir os valores por acordo de confidencialidade com os investidores”, diz Thiago.

    DOIS ANOS DE TRABALHO E OS GRANDES AO SEU LADO

    A healthtech entrou para o mercado em 2019 e, em menos de seis meses de vida, conquistou três das quatro maiores empresas de medicina diagnóstica do Brasil: Fleury, Dasa e Sabin. 

    Nos últimos dois anos, a V-Lab movimentou mais de 750 mil exames. E passou a atender mais vários clientes, como Hospital São Luiz, Odontoprev e Unimed Marília, entre outros.

    De acordo com Thiago, os exames de ultrassom podem ser transmitidos ao vivo por meio de uma tecnologia compatível com qualquer equipamento médico. 

    “Entendemos que as empresas de medicina diagnóstica por imagem possuem muita dificuldade em lidar com grandes volumes de dados de saúde em vídeo”, explica ele. 

    Thiago se refere aos problemas de armazenamento de dados de procedimentos dinâmicos gerados em vídeo como exames endoscópicos, ultrassonografias e cirurgias robóticas. 

    A documentação gerada dos pacientes fica restrita a imagens estáticas ou outros métodos obsoletos.

    “Por falta de infraestrutura, estamos deixando de coletar centenas de milhões de dados em vídeo, desperdiçando a chance de trazer esses processos de saúde dinâmicos para a era do machine learning e da Inteligência Artificial”, afirma. 

    “Coletar os dados é apenas o começo de algo relevante que crescerá muito mais daqui cinco ou seis anos”, acredita o CEO. 

    O resultado dessas ações e investimentos pode ser medido no fim de 2020, com um crescimento de 100% de sua startup em relação ao ano anterior.

    OPORTUNIDADE EM MOMENTO DIFÍCIL

    A chegada da pandemia foi um golpe duro para muitas empresas, e com a V-Lab não foi diferente. A demanda comercial da empresa praticamente zerou. 

    “Muitas empresas de diagnóstico por imagem tiveram que fechar agenda, porque a busca por exames eletivos caiu muito”, lembra Thiago. 

    “O ultrassom gestacional foi um dos poucos que a agenda não afetou, mas o impacto em exames de ressonância e tomografia fizeram com que as empresas segurassem qualquer investimento.”

    Por outro lado, a restrição fez com que a healthtech pensasse em maneiras para se reestruturar. E, em apenas 20 dias, de 15 de março a 4 de abril de 2020, desenvolveram o produto chamado V-Telessaúde.

    Ele é uma plataforma completa de telemedicina direcionada às empresas do mercado que, entre outras funcionalidades, oferece videolaudo (gravação do laudo com anotações em vídeo) e interação por vídeo e voz com até cinco participantes.

    “Colocamos o serviço na maior operadora odontológica do Brasil, a Odontoprev. Tivemos que inovar em produtos para continuar crescendo”, afirma o CEO. Até agora, mais de 12,5 mil consultas foram feitas com a plataforma.

    Para um futuro mais próximo, Thiago espera evoluir com a V-Baby ao oferecer mais acolhimento às gestantes. 

    “Devemos avançar com nossos clientes e parceiros nas soluções de inteligência artificial que possam fazer proveito do uso de vídeos em exames de ultrassom”, revela. 

    “Nosso plano de expansão também envolve conquistar mercados na América Latina até o fim do ano”, diz o CEO da empresa que, em quatro anos, já chegou a mais de 185 salas distribuídas entre mais de 40 clientes espalhados pelo Brasil.

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