• Câncer de mama na mira da medicina nuclear

    Cristina Matushita, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
    Cristina Matushita é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
    Jose Renato Junior | 16 out 2023

    Embora a mamografia seja o principal método de rastreamento para o câncer de mama, especialmente em mulheres assintomáticas, a medicina nuclear é cada vez mais relevante para examinar essa patologia.

    E essa importância da medicina nuclear no enfrentamento ao câncer de mama se dá desde a detecção até o monitoramento da enfermidade. Diversas técnicas são usadas em casos específicos, como parte do estadiamento ou na identificação de metástases, quando há suspeita de disseminação do câncer de mama.

    A seguir, apresento algumas delas:

    1. Cintilografia óssea: Em alguns casos, o câncer de mama pode se espalhar (metastatizar) para os ossos. A cintilografia óssea é um exame que envolve a injeção de um traçador radioativo na corrente sanguínea. Esse traçador é absorvido pelos ossos, permitindo a detecção de áreas de aumento de atividade metabólica e a presença de metástases ósseas;

    2. Pesquisa de linfonodo sentinela (SN):  Esta técnica da medicina nuclear ajuda a determinar a presença do linfonodo sentinela em pacientes com câncer de mama – este é o linfonodo para o qual as células cancerosas da mama têm mais probabilidade de se espalhar primeiro. A pesquisa de linfonodo sentinela envolve a injeção de um traçador radioativo no local do tumor, seguido da identificação e remoção do linfonodo sentinela para análise patológica;

    3. PET/CT: A tomografia por emissão de pósitrons (PET) combinada com tomografia computadorizada (CT) é uma técnica que utiliza traçadores radioativos para avaliar a atividade metabólica das células no corpo. O PET/CT é uma ferramenta útil no diagnóstico, estadiamento e monitoramento do câncer de mama em situações específicas. Detalho esses usos a seguir:

    Estadiamento do câncer
    O PET/CT é frequentemente utilizado para determinar o estágio do câncer de mama, especialmente para avaliar a extensão da doença e a presença de metástases em outros órgãos. Isso é particularmente relevante para determinar se o câncer se espalhou para órgãos distantes, como pulmões, fígado, ossos ou cérebro;

    Avaliação da resposta ao tratamento
    O PET/CT monitora a resposta ao tratamento em pacientes com câncer de mama metastático ou localmente avançado. O exame auxilia os médicos a avaliar o quanto o tumor está respondendo à terapia, orientando decisões sobre tratamento subsequentes;

    Determinação da extensão do envolvimento ganglionar
    O PET/CT identifica gânglios linfáticos afetados em pacientes com câncer de mama, o que é importante para determinar a extensão da disseminação do câncer. Os gânglios linfáticos positivos podem afetar as opções de tratamento e prognóstico;

    Identificação de recorrências
    O PET/CT detecta recorrências do câncer de mama após o tratamento inicial. Isso é importante para avaliar se o câncer voltou e, se sim, onde ele se encontra no corpo;

    Avaliação de massas ou anormalidades suspeitas
    Em alguns casos, o PET/CT avalia massas ou anormalidades suspeitas na mama ou na área circundante. Isso pode ser especialmente útil em situações em que outros exames de imagem, como a mamografia, são inconclusivos.

    A escolha do exame ou técnica a ser usada depende da situação clínica da paciente e das recomendações do médico, que levarão em consideração fatores como a idade da paciente, histórico médico e características da lesão mamária.

    Cristina Matushita é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).

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