• Demanda por exames a domicílio fez a ISA Home Lab ser criada em 5 meses

    Usando o modelo de apps de comida, em que um parceiro que está próximo do consumidor vai coletar seu exame, o laboratório digital já reservou lotes de vacinas contra Covid-19
    Jose Renato Junior | 5 out 2020

    Em 2020, um vírus alterou nossa maneira de ir ao mercado, de buscar entretenimento, de trabalhar e até mesmo de lidar com o tempo – passado, presente e futuro ganharam contornos muito diferentes de antes. Dentre as inúmeras tarefas simples que se tornaram hercúleas por causa da pandemia provocada pelo novo coronavírus, uma delas merece destaque: cuidar da própria saúde.

    Embora a crise global de saúde tenha sido causada por um único vírus, um sem-número de pessoas ainda precisa lidar com problemas crônicos de saúde como colesterol alto, diabetes, hipertensão. Isso tudo requer check-ups e uma imensidão de exames, que trouxeram à tona o receio: era seguro sair de casa para ir a um laboratório?

    Em 2019, o Grupo Integra já estava considerando uma alternativa para toda a burocracia que envolve a realização de exames e os procedimentos relacionados à vacinação no país.

    A demanda provocada pela pandemia para soluções do estilo delivery fez, assim, a ISA Home Lab sair do papel bem antes do planejado: a previsão de lançamento do laboratório digital era meados de 2024.

    “A crise do coronavírus nos fez colocar tudo em prática em cinco meses, uma vez que o momento exigiu um serviço nesse formato, em benefício da população que precisou ficar em isolamento social”, afirma David Pares, médico e sócio-fundador da ISA Home Lab ao lado do irmão, Fernando, também fundador e CEO do Grupo Integra.

    “Ela surgiu com uma análise de mercado, que identificou como os métodos tradicionais dificultavam o dia a dia do paciente. Tornou-se ainda mais necessário um serviço de coleta domiciliar, que evitasse aglomeração em filas, muita espera por agenda e resultados e coisas do tipo”, diz ele.

    ÁREA DA SAÚDE, UMA PAIXÃO FAMILIAR

    Filho de médico, David, que exerceu a medicina no Hospital Israelita Albert Einstein, unia a experiência em empreender conquistada com a AvalDoc, solução de prontuário eletrônico na nuvem, com a de mercado como executivo na ProRadis (como CCO) e na The Kraft Heinz Company (como gerente de Marca e Estratégia e Desenvolvimento de Negócios) – competências que foram complementadas por um MBA em Harvard.

    O irmão, formado em economia, também voltou-se para a saúde ao fazer MBA em gestão na área, já mirando o empreendedorismo. Os dois fundaram juntos a AvalDoc e, mais tarde, após vendê-la, juntaram esforços novamente ao investir na holding especializada em gerir centros de diagnósticos no país, o Grupo Integra. Com foco em análises clínicas, a empresa conta com quatro unidades na região do Grande ABC.

    Juntos novamente, David e Fernando lançaram a ISA Home Lab em junho último, com o propósito de transformar a experiência em análises clínicas. O negócio promove a digitalização de todo o processo para realizar esses procedimentos.

    Profissionais autônomos vão até a casa do cliente de acordo com a localização fazer a coleta

    O PULO DO GATO: MODELO DE APP DE COMIDA

    É verdade que diversos laboratórios já contam com o serviço de coleta em casa. Mas o pulo do gato da startup é oferecer isso de uma maneira mais acessível, barata e fácil. Como? Buscando um modelo parecido com aplicativos de delivery de comida: com a utilização de profissionais autônomos que vão até o lugar da coleta, de acordo com a proximidade dos clientes.

    É isso que faz um teste como o PCR, criado para identificar o coronavírus e com a maior precisão do mercado até então, saia por R$ 298 – e com a possibilidade de parcelamento sem juros e sem taxas de deslocamento.

    O modelo extingue o espaço físico ao mesmo tempo que mantém custos fixos. Sem unidades e com a ajuda da tecnologia para digitalizar processos, é possível economizar e oferecer um valor final mais baixo para o usuário final.

    O autônomo parceiro é treinado para poder oferecer melhores práticas técnicas e de segurança hospitalar com um método próprio, chamado de MIA (Método Isa de Atendimento). A metodologia inclui ainda boas forma de lidar com o cliente: desde o “bom dia” até questões técnicas de rotulação.

    Para usar os serviços do ISA Home Lab, o paciente escolhe dia, horário, serviço e local de coleta em uma plataforma, que oferece desde exames de sangue de rotina a vacinas de H1N1 e testes para Covid-19. No dia e horário agendados, o técnico, com experiência comprovada em coleta laboratorial, faz os procedimentos necessários.

    Quando estiver pronta, a vacina da Covid-19 entra nos planos da startup

    LOTES DE VACINA CONTRA COVID JÁ ESTÃO ENCOMENDADOS

    Reforçando a máxima de que muitas oportunidades surgem da crise, a ISA Home Lab vislumbra um bom primeiro ano de existência. O faturamento estimado até dezembro é de R$ 1,1 milhão. Os planos para 2021 são ambiciosos: a meta é aumentar esse resultado em até sete vezes.

    Quando estiver pronta, a vacina da Covid-19 entra nos planos da startup, que já reservou alguns lotes das potenciais substâncias que vão prevenir a doença com os principais fornecedores – mesmo que algumas promissoras vacinas ainda estejam na última fase de testagem, empresas podem realizar acordos para, caso a eficácia se comprove, receber os insumos quando eles estiverem disponíveis para comercialização.

    O futuro, aliás, é um assunto que muito interessa à empresa, que vê um mundo pós-pandemia em que seus serviços serão ainda mais procurados.

    “Acreditamos que a demanda será maior. Ninguém que experimentou fazer um exame do conforto de casa a hora que mais seja conveniente vai voltar a ir a um laboratório”, afirma David. “E as operadoras vão ter que se adaptar e credenciar esse serviço para todos os seus clientes se não quiserem perder ainda mais vidas.”

    Os planos da ISA Home Lab também trazem a inclusão de convênios e expansão dentro do estado de São Paulo e para outros estados do país, além da criação de um serviço de autocoleta.

    Este consiste em kits que serão entregues na casa do paciente para que ele mesmo realize o próprio exame e devolva o material para um biocondutor direcioná-lo ao laboratório que fará a análise. O kit é a novidade que deve chegar mais cedo ao público: janeiro de 2021.

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