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Equidade de gênero na indústria farmacêutica: para onde queremos ir?

Silvia Sfeir é diretora de Negócios Institucionais & Acesso ao Mercado da Divisão Farmacêutica da Bayer
Jose Renato Junior | 4 nov 2021

O assunto está em alta. Eu sei: ainda estamos enfrentando uma turbulência que já dura mais de um ano e, entre os desafios profissionais e pessoais que todos nós enfrentamos nessa pandemia, é sabido que, para as mulheres, esse desequilíbrio foi maior.

Por outro lado, é importante destacar que o tema não é novo. Falar de equidade de gênero é falar de história.

A verdade é que esse termo, que significa estabelecer a igualdade entre homens e mulheres com base no reconhecimento das necessidades e características próprias de cada gênero, surgiu para tentar eliminar a discriminação contra a mulher, especialmente em relação a desvantagens e vulnerabilidades que enfrentamos.

Na 7ª Edição do “Women, Business and the Law 2021”, publicada pelo World Bank Group, que realiza um estudo anual e traça panoramas em relação às leis e regulamentos que afetam as oportunidades e poder econômico das mulheres, apenas Bélgica, Dinamarca, França, Letônia, Luxemburgo e Suécia podem ser considerados países onde não há mais desigualdade de gênero em relação a questões financeiras e legais.

Preocupante, não?

Por outro lado, esse mesmo estudo mostra que as mulheres já têm aproximadamente 75% dos direitos que os homens possuem no mundo todo.

Esses dados mostram que nós, atualmente, temos condições econômicas e sociais mais favoráveis para que a equidade seja alcançada. Isso também é percebido quando olhamos para grandes empresas e novas práticas para ascensão feminina à liderança.

Quando assumi a diretoria de vendas de uma multinacional farmacêutica, em 2006, fui a primeira mulher a ter esta posição no setor.

Muitos distribuidores subestimaram minha capacidade de negociação, mas eu segui em frente, afinal, alguém tinha que começar as mudanças e romper paradigmas, demonstrando que gênero não define competência em posições que foram, até aquele momento, masculinas.

Agora, como diretora de Negócios Institucionais & Acesso ao Mercado da Divisão Farmacêutica da Bayer, consegui fazer ainda mais pelo tema.

Na Bayer, criamos, há mais de um ano, o Women in Pharma (WiP), um movimento que nasceu para promover o empoderamento feminino na companhia.

Com o WiP, ajudamos as mulheres a tomarem as melhores decisões para suas carreiras e vidas, sempre almejando seu autoconhecimento e desenvolvimento.

E esse movimento não se restringe à Bayer, é de todo o mercado.

O WiP é composto por mulheres e homens da divisão farmacêutica e possui três pilares principais de trabalho: conscientização, desenvolvimento e comunicação.

Assim, as integrantes procuram reforçar o protagonismo feminino por meio de mentorias, educação, rodas de conversa e suporte de treinamento em negócios.

Tenho consciência que só conseguimos organizar um movimento como o WiP porque a Bayer acredita que um ambiente de trabalho diversificado abre espaço para o desenvolvimento de habilidades, aumenta o engajamento, o desempenho e melhora a retenção de talento.

A Bayer, aliás, promove a Inclusão e Diversidade não só com questões ligadas a gênero, mas também a diversos grupos como raça, gerações, LGBTQIA+ e outros.

Só para citar um exemplo concreto, fomos pioneiros, juntamente com o Magazine Luiza, ao lançarmos o primeiro programa de trainees para negros, em 2020.

O levantamento “Mulheres na Liderança”, realizado por diversos veículos de comunicação da editora Globo, em parceria com a ONG WILL (Women in Leadership in Latin America), mostrou que quase 70% das 162 companhias analisadas informaram ter uma liderança formal para a promoção de equidade de gênero. E mais da metade relatou possuir políticas formais, com metas claras e ações planejadas.

A prática de incluir no mínimo uma mulher no shortlist das vagas diretivas, por exemplo, foi citada por 33% das empresas pesquisadas. Assim como 37% disseram ter a meta de paridade de gênero na pré-seleção de currículos para qualquer vaga. Os números, como vocês podem ver, são promissores.

E já vemos mulheres em altos cargos de liderança, como é o caso da querida Malu Nachreiner, que assumirá o cargo de presidente do grupo Bayer no Brasil a partir de novembro, tornando-se a primeira mulher a comandar as operações da empresa no país.

No setor farmacêutico, onde atuo, temos uma força de trabalho feminino muito significativa, mas ainda há um caminho a percorrer para termos um número maior de mulheres em cargos de liderança.

De qualquer forma, olhando em perspectiva, a ideia de que estamos no caminho certo fica ainda mais sólida.

A jornada, claro, é longa. Eu sei disso. Mas eu realmente vejo uma grande intenção das indústrias farmacêuticas em ampliar o número de mulheres em posições de liderança em seus respectivos negócios.

Isso é demonstrado com movimentos, como o nosso, que visam desenvolver uma mentalidade mais aberta da liderança em programas de diversidade e inclusão.

Nós levamos fatos e dados, mostrando que as empresas ganham em competitividade quando há mais diversidade. Cria-se um ambiente de negócio mais dinâmico e desafiador, com visões diferentes e ao mesmo tempo complementares.

É um caminho sem volta. Ainda bem!

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Silvia Sfeir é diretora de Negócios Institucionais & Acesso ao Mercado da Divisão Farmacêutica da Bayer.

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