• Como a Dasa quer se tornar a número 1 em oncologia no Brasil

    Dasa Oncologia
    Gustavo Fernandes e Emerson Gasparetto, diretores da Dasa Oncologia. (Fotos: Divulgação)
    Jose Renato Junior | 8 jul 2022

    Cada vez mais focada em criar um ecossistema integrado para acolher o paciente em toda a sua jornada, a Dasa, uma das maiores redes brasileiras de saúde, ampliou o escopo – que já contemplava medicina diagnóstica, hospitais, gestão de cuidados e genômica – com a criação, no final de 2020, da Dasa Oncologia.

    Desde o anúncio, a companhia fez importantes investimentos no setor, em especial a aquisição da Clínica AMO, referência no Nordeste, e do Centro de Tratamento Oncológico (CENTRON), referência no Rio de Janeiro.

    Hoje, a mais recente unidade de negócio do grupo tem estruturas construídas exclusivamente para atendimento a pacientes com câncer e com atuação em todas as etapas do tratamento. Somados, são 29 centros de oncologia espalhados pelo país – no início de 2021 eram apenas dois – e 15 hospitais, nas cidades de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Salvador (BA), São Luís (MA) e Maringá (PR).

    Outro importante movimento da Dasa para fortalecer a marca foi a contratação, em abril de 2022, do oncologista Gustavo Fernandes como diretor de Oncologia. O médico, que já foi presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, e teve participação no Conselho Científico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), chega para integrar o time de Emerson Gasparetto, diretor-geral de Negócios Hospitalares e Oncologia da empresa.

    Em conversa com FUTURE HEALTH, os dois executivos dão mais detalhes sobre a criação da Dasa Oncologia, revelam os planos para o futuro e ainda comentam sobre a importância da tecnologia para os negócios e para a jornada do paciente.

    FUTURE HEALTH: Como se deu o surgimento da Dasa Oncologia?

    Emerson Gasparetto: Sempre tivemos oncologia no grupo, mas, em 2019, depois que fundimos a nossa rede de hospitais com os nossos laboratórios de medicina diagnóstica e criamos oficialmente uma nova Dasa, essa área se tornou uma das mais estratégicas para a empresa. 

    A oncologia está entre as especialidades que mais se beneficiam com a nossa tese de diagnóstico e intervenção precoces, resultando em um tratamento mais barato e com melhor desfecho para o paciente. 

    A partir da fusão, começamos a estruturar a área, e, em novembro de 2020, com um pouco de atraso por causa da pandemia, ela se tornou uma unidade de negócios, ampliando o escopo do nosso ecossistema, que já englobava medicina diagnóstica, hospitais, gestão de cuidados e genômica. 

    Montamos, então, serviços próprios de oncologia dentro da nossa rede e unidades ambulatoriais próximas aos hospitais. Em 2021, adquirimos a Clínica AMO, super relevante no Nordeste em termos de estrutura de oncologia ambulatorial, e, em 2022, o Centro de Tratamento Oncológico (CENTRON), referência no atendimento oncológico e hematológico do Rio de Janeiro.

    Gustavo Fernandes: Em função da jornada do paciente, a medicina oncológica tem afinidade total com o ecossistema de saúde da Dasa. A oncologia representa a necessidade de integração e coordenação no cuidado em todas as etapas da atenção: primária, secundária, de alta complexidade, além do acompanhamento pós-tratamento.

    FH: Qual o tamanho dessa nova unidade? 

    GF: Temos 29 unidades de oncologia e 15 hospitais. Em breve, vamos inaugurar um centro modelo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. É um projeto especial, com uma estrutura incrível.

    EG: Em termos de receita, fechamos 2021 com R$ 840 milhões na oncologia ambulatorial. A entrada da Clínica AMO quase dobrou o nosso faturamento nessa área e, hoje, já somos o terceiro maior grupo de oncologia privada no Brasil. 

    GF: Esses resultados expressivos são frutos de um modelo inteligente de saúde integrada, pelo qual oferecemos o tratamento mais adequado a cada paciente.

    FH: Quais são os planos para o futuro da Dasa Oncologia?

    GF: Queremos nos tornar líderes em oncologia no país. Essa é uma determinação clara na empresa. Obviamente que atingir esse objetivo demanda tempo e esforços significativos, mas estamos fazendo tudo de maneira segura e, a cada dia, melhoramos a gestão e os cuidados com os pacientes. 

    No passado, a Dasa deu passos importantes na oncologia, mas, depois da fusão com a Rede Ímpar, o salto foi maior. Hoje, temos um sistema de diagnóstico maduro e hospitais qualificados e bem estruturados. Daqui para frente, vamos praticar oncologia do mais alto nível, com acesso, qualidade e melhores resultados para os pacientes.

    FH: E em quanto tempo vocês pretendem ser a empresa número 1 em oncologia no Brasil?

    GF: A primeira coisa que queremos é que sermos líderes em qualidade percebida e em qualidade assistencial aferida. Nesse sentido, planejamos uma jornada de menos de 5 anos. Na questão de volume de atendimento, devemos atingir a liderança praticamente no mesmo tempo. Claro que nunca sabemos o que os concorrentes estão planejando – provavelmente a mesma coisa. Mas temos de levar em conta a capacidade de execução da Dasa, uma empresa que promoveu uma revolução em diagnóstico no Brasil, que tem um nível de gestão altíssimo e um time de diretores com excelente nível técnico.

    EG: Não tenho dúvidas de que em um ano já teremos dado um salto em relação a nosso status atual. Estamos com as pessoas certas nos lugares certos, o time está montado, a empresa está com foco nessa especialidade e temos recursos e uma estrutura difícil de ser replicada. Contamos, por exemplo, com mais de mil unidades de diagnóstico Brasil afora e 15 hospitais, alguns em praças super relevantes, como Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. A oncologia vai se apoiar nessa estrutura toda. 

    FH: A empresa planeja outras aquisições?

    EG: Nossa estratégia é de crescimento mais orgânico do que inorgânico, mas claro que oportunidades pontuais, como foi o caso do CENTRON, serão avaliadas. Contudo, não vejo nenhum negócio grande acontecendo no médio prazo. E, mais do que a expansão em número de centros, o que queremos no momento é expandir e crescer os centros oncológicos que já temos estruturados.

    FH: O que diferencia a Dasa Oncologia dos outros centros oncológicos brasileiros?

    GF: O primeiro ponto e, também, o mais óbvio, é que estamos inseridos em uma empresa que oferece uma solução completa em saúde para os pacientes, os médicos parceiros e as operadoras de saúde. Além disso, a Dasa investe forte em tecnologia e na integração da jornada do paciente. Isso tudo, somados à cultura de inovação da companhia, faz com que tenhamos diferenciais claros e evidentes. Também preciso falar da quantidade de dados imensa que temos aqui, de diagnóstico, ambulatório e hospital, que abre espaço tanto para aprimorar a atividade quanto para desenvolver pesquisa em oncologia.

    FH: Por falar em tecnologia, o quanto ela impacta nos negócios e até mesmo na jornada do paciente?

    EG: A tecnologia é essencial no nosso trabalho. Desde 2017, investimos alto nisso. Nenhuma outra empesa do setor de saúde investe tanto quanto a gente. Entendemos que para termos escala naquilo que queremos fazer, precisamos ter um robusto suporte de tecnologia. Um exemplo é o nosso banco de dados, já citado pelo Gustavo. 

    Investimos R$1,56 bilhão entre 2018 e 2020 neste que é um dos maiores data lakes proprietários do setor de saúde, com cerca de 6,4 bilhões de dados, mais de 50% interoperáveis. 

    Na oncologia, especificamente, temos aplicadas ferramentas que tornam a navegação do paciente cada vez mais digital e, portanto, mais eficiente.

    FH: Que novas tecnologias e inovações serão adotadas nos próximos meses?

    GF: No centro que estamos montando na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, teremos o aparelho de radioterapia Edge, fabricado pela Varian, e inédito no país. Ele é o puro estado da arte, um edge de radioterapia.

    FH: A medicina oncológica é uma das que mais evolui no mundo. Como estamos no Brasil em relação aos outros países?

    GF: O Brasil tem uma das oncologias mais fortes do mundo, com excelente qualidade de assistência e formações.

    O nível da oncologia brasileiro é alto, o que fica claro quando participamos de congressos internacionais e outros eventos. Apesar disso, enfrentamos um desafio: acesso ao tratamento. 

    Na verdade, isso não é exclusividade no nosso país, é algo mundial, mas que aqui acaba ficando mais evidente. É uma questão de balanço entre a capacidade de pagamento dos pacientes e das fontes pagadoras e o custo de medicamentos e tecnologia e inovação. 

    FH: Como a Dasa lida com o desafio de democratizar a saúde no país?

    EG: A nossa tese de fazer saúde com visão integrada, observando toda a jornada do paciente, visa também eliminar os desperdícios. Sabemos, estatisticamente, que ao redor de ⅓ do que se gasta em saúde é desperdício. O paciente chega e faz um exame aqui, outro ali, uma consulta aqui, outra ali. 

    Aqui, como olhamos a gestão da saúde de um jeito preventivo, preditivo e personalizado, entregamos uma saúde melhor, com melhor desfecho. Isso também reduz desperdício, barateando a saúde e a tornando mais eficiente. O resultado dessa equação é que mais pessoas conseguem acessar o sistema. 

    E quanto mais pessoas puderem entrar no sistema privado de saúde, melhor será para todo mundo. Obviamente que a gente passa por um período desafiador em termos macroeconômicos, não só no país, mas no mundo, e isso traz um desafio a mais para essa questão. Mas é dessa forma que atuamos e é no que acreditamos.

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