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Mesmo com pacientes cada vez mais conectados, o olho no olho é essencial

Jose Renato Junior | 2 ago 2022

Embora a pandemia de Covid-19 ainda não tenha terminado, a comunidade médica já identificou algumas práticas que devem ser levadas em conta a partir da experiência no tratamento da doença.

Uma das principais lições é sempre considerar o contexto de vida daquele que chega ao consultório, independentemente de ter tido ou não a infecção pelo coronavírus.

O Prof. Dr. Michael Thase, psiquiatra e professor do programa de Tratamento e Pesquisa em Transtornos de Humor e Ansiedade do Departamento de Psiquiatria do Philadelphia Veterans Affairs Medical Center, diz:

“Quando pensar no paciente, tenha a certeza de que você o entende como alguém que trabalha, vive e ama. Tenha sempre em mente que ele pertence a um sistema social e que isso o afeta”

A fala do psiquiatra correu durante o CNS Connection Congress, uma conferência para médicos, que reuniu especialistas reconhecidos local e globalmente.

O evento, promovido pela Viatris no último dia 25/06, foi o primeiro congresso no Brasil feito pela empresa farmacêutica, que está presente em mais de 165 países e territórios.

A iniciativa híbrida – de forma presencial, no Auditório do Tivoli Hotel em São Paulo e com transmissão online como parte da série educativa BEmindXPERT – teve como propósito discutir questões atuais e  elaborar soluções para tratar os transtornos de saúde mental.

O professor Thase foi um dos conferencistas internacionais, além de Prof. Christoph Correll (diretor do Departamento de Psiquiatria Infantil e Adolescente, Medicina Psicossomática e Psicoterapia da Charité – Universitätsmedizin Berlin), cuja palestra abordou, entre outros pontos, a situação das pessoas com esquizofrenia em meio à pandemia.

“Devemos cuidar de pacientes e familiares em um esforço coordenado. Muitas pessoas com esquizofrenia podem também ter depressão. Precisamos estar atentos, porque depressão leva a uma baixa qualidade de vida e pode levar ao suicídio”, destacou Prof. Dr. Correll aos médicos na ocasião.

Relação entre Covid longa e dor: uma abordagem multidisciplinar

O surgimento de dores após a infecão pelo coronavírus (durante a chamada “Covid longa”), principalmente em quem sofre de fibriomialgia foi discutido pela reumatologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Dra. Aline Ranzolin, que também é responsável pela coordenação do Laboratório de Gestão em Doenças Reumáticas do Hospital das Clínicas da Universidade de Pernambuco.

Segundo ela, as respostas sobre Covid longa ainda são controversas, mas as pesquisas feitas sobre o assunto até o momento sugerem que não há uma relação direta com a gravidade da doença. Isso significa que mesmo quem teve um quadro leve da doença causada pelo coronavírus pode desenvolver os sintomas pós-covid, no sistema músculo-esquelético.

A reumatologista Aline Ranzolin foi uma das conferencistas do CNS

Para quem já havia sido diagnosticado com algum quadro de dor neuropática e também teve Covid-19, a intensificação dessa dor está relacionada com a piora da ansiedade e da depressão dos pacientes. “Nesses casos, tão importantes quanto as medicações, são todas as terapias complementares”, explicou Dra. Aline. De acordo com a reumatologista, atividade física é fundamental.

“A gente precisa orientar os pacientes para que procurem se movimentar, porque isso vai ajudá-los com as queixas de origem psicológica ou psiquiátrica. Mas os exercícios devem ser do tipo LIT (low intensity training), de baixa intensidade”

Dr. Alexandre Annes, psiquiatra do Serviço de Tratamento da Dor e de Medicina Paliativa do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, apontou a atividade física como parte de um sistema em que várias práticas são sugeridas em paralelo.

“Tratamento para dor sempre tem que ser multidisciplinar, considerando intervenção por meio de acupuntura, medicação, fisioterapia, nutrição, psicoterapia, exercício físico etc”, afirmou o médico.

Ele também afirma que a maioria dos pacientes com dor crônica tem algum transtorno psiquiátrico concomitante – daí a importância da abordagem multidisciplinar.

Tecnologia para informação e compartilhamento de experiências também estiveram em pauta

A Web 2.0 oferece aos médicos – assim como aos profissionais de qualquer outra categoria – a possibilidade de serem criadores de conteúdo.

Na esteira da transformação digital, há, ainda, o boom dos dispositivos e aplicativos de celular. Na pandemia, alguns exemplos de devices que se tornaram populares são os oxímetros (aparelhos para medir saturação) e, entre os aplicativos, plataformas sobre bem-estar e saúde mental.

O consultor de transformação e marketing da indústria farmacêutica e host do podcast Via Oral, Paulo Crepaldi, falou no CNS Connection Congress sobre o fato de as pessoas quererem ter contato com médicos tanto online quanto offline.

Ou seja, além da interação dentro do consultório, elas querem acompanhá-los nas redes sociais e consumir conteúdo que produzem sobre suas experiências clínicas. “O paciente ganha confiança quando você passa a ser um educador”, observa Paulo. Para o especialista, porém, é fundamental que a condução de uma consulta seja sempre humanizada.

“No momento em que o paciente estiver com você, não aja como um robô, porque, acredite: ele sabe a diferença”

O consultor Paulo Crepaldi também falou durante o evento da Viatris

Nesse sentido, uma fala semelhante durante o evento foi a de Marta Axthelm, presidente da ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos do Afeto).

“Para um tratamento ser realmente amplo, é preciso ter o encontro com o especialista, o diagnóstico, a prescrição medicamentosa e o olho no olho: o paciente com seu profissional”

Durante a palestra, ela discutiu o papel dos grupos de apoio, criados para o compartilhamento de experiências e informações sobre as consultas médicas com a intenção de melhorar a adesão ao tratamento.

Objetivos alcançados

Marco Antonio Silva (gerente médico-científico da Viatris) destacou que, no Future Health, “o evento foi pensado não só a partir dos pacientes, mas também considerando a saúde mental dos profissionais do setor”.

A primeira ação que integra a Viatris à iniciativa global BeMind Expert reuniu ao todo, seis conferencistas nacionais e dois internacionais, além de um especialista em saúde digital.

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