• Conheça a técnica usada pelo Einstein para tratamento de nódulos da tireoide que garante a preservação da glândula

    Rodrigo Gobbo é diretor médico do Centro de Medicina Intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein
    Jose Renato Junior | 11 mar 2022

    No Brasil, mais de 13 mil novos casos de câncer da tireoide foram diagnosticados em 2020, de acordo com dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer). 

    A doença, que é considerada a mais comum da região da cabeça e pescoço, atinge um órgão importante para o nosso corpo. 

    A tireoide é responsável por estimular e regular a liberação de hormônios que chegam aos órgãos e células, influenciando funções tão diferentes como respiração, frequência cardíaca, metabolismo, humor e temperatura corporal.

    Muitas vezes, o tratamento é feito através da completa retirada da glândula, o que faz com que o paciente tenha que tomar hormônio pelo resto da vida. 

    Desde 2018, o Centro de Medicina Intervencionista do Hospital Albert Einstein utiliza a chamada ablação por radiofrequência para tratar os nódulos benignos, que não causam grandes riscos. 

    A novidade é que, agora, os malignos também podem ser tratados assim.

    MENOS TEMPO DE CIRURGIA E MAIOR PRECISÃO

    A técnica, minimamente invasiva, já vem sendo utilizada há décadas no tratamento de nódulos localizados em diversos órgãos, como fígado, pulmão e rins – na tireoide é que é recente. 

    A terapia leva menos tempo para ser realizada e, na maioria das vezes, sem a necessidade de anestesia geral. 

    Além disso, o paciente recebe alta hospitalar cerca de duas horas após o procedimento. 

    “A ablação por radiofrequência é realizada através de uma agulha específica capaz de produzir temperaturas elevadas que levam à necrose coagulativa dos tecidos tratados”, explica Rodrigo Gobbo, diretor médico do Centro de Medicina Intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.  

    No caso específico da tireoide, as temperaturas dentro dos nódulos tratados atingem de 70º C a 80º C. 

    “As células não suportam o calor produzido e morrem. Os nódulos permanecem na tireoide, porém estão mortos e são absorvidos pelo corpo”, esclarece Antônio Rahal, médico radiologista intervencionista do Einstein, em São Paulo.

    Antônio Rahal é médico radiologista intervencionista do Einstein

    DE MANTER ATÉ O LIMITE À MODERNA TECNOLOGIA

    Em um passado não tão distante, o tratamento para os nódulos benignos da tireoide, na maioria das vezes, era feito com acompanhamento médico até que os sintomas se tornassem muito incômodos. 

    “Era melhor manter o nódulo sem sintomas do que retirar a tireoide e ter que tomar hormônios”, conta Gobbo. 

    Já para os chamados nódulos benignos autônomos, que são aqueles que produzem de modo descontrolado os hormônios tireoideanos, causando sintomas de hipertireoidismo, como ansiedade, taquicardia, nervosismo, perda de peso e de concentração, o tratamento poderia ser diferente. 

    “Era utilizada a radio-iodo-terapia, que atingia o nódulo, mas também o restante da glândula, evoluindo o paciente de uma condição de hipertireoidismo para uma condição de hipotireoidismo, ambas com necessidade de uso de medicação”, afirma Rahal.   

    No caso dos nódulos malignos, a cirurgia era a principal indicação – e o paciente era submetido ao procedimento da remoção da glândula tireoide. Na maioria das vezes, todo o órgão era retirado. 

    “Com a técnica de ablação por radiofrequência, conseguimos tratar apenas os nódulos, sejam eles malignos ou benignos, com a grande vantagem de preservar a porção saudável da tireoide”, comemora o diretor médico.

    “Isso evita a necessidade de reposição hormonal e ainda os cortes. São feitos somente alguns furinhos na pele”, continua. 

    “Outro ponto importante é o pós-operatório, que é bem mais tranquilo. O paciente pode ter um pouco de dor e desconforto, mas tolerado muito bem.”

    Os pacientes mais jovens têm ainda mais benefícios ainda com a nova técnica. “Se você tira a tireoide aos 30 anos, por exemplo, com uma expectativa de vida de 90 anos, vai ter que tomar hormônios durante 60 anos“, diz o radiologista intervencionista. 

    “E, por melhores que os remédios sejam, não é o natural. Então a vantagem da ablação é esta: tratar só o nódulo e não jogar fora uma tireoide saudável, que não precisaria ser retirada.”

    Rahal explica ainda que existem quatro tipos principais de nódulos malignos da tireoide, que variam conforme a agressividade de atuação no organismo. 

    “Numa escala do menos ofensivo para o mais violento, temos o carcinoma papilífero, carcinoma folicular, carcinoma medular e carcinoma anaplásico”, enumera.

    “A primeira classe é a mais frequente na população e é exatamente esta a que tratamos com a ablação por radiofrequência.”

    TECNOLOGIAS IMPORTANTES PARA A SAÚDE

    De acordo com os especialistas, a técnica está inserida em um contexto dos procedimentos minimamente invasivos guiados por imagens, o que também contribui para a maior precisão na hora de realizá-la no paciente. 

    “Mas temos que ter muito bom senso para saber indicar o caso. Não podemos sair fazendo para todos”, argumenta Gobbo. 

    “É preciso haver uma boa conversa, uma boa relação entre o médico intervencionista, que realiza a ablação, com os outros médicos: o endócrino, o cirurgião e os oncologistas.”

    De 2018 para cá, já foram realizados mais de 300 procedimentos desse tipo. Além do Einstein, outros hospitais começaram a utilizar a técnica. 

    “É importante salientar que a cirurgia tradicional ainda tem um papel relevante para outros casos [de nódulos da tireoide]. Por isso, é importante que o paciente conheça bem o profissional que fará o procedimento”, alerta o diretor médico.

    Não só esta tecnologia, mas outras também fazem parte do Centro de Medicina Intervencionista do Einstein. 

    “O local se comporta como um hub clínico e tecnológico para onde convergem todos os procedimentos minimamente invasivos guiados por imagem”, diz Gobbo. 

    “Por lá, tratamos dos pés à cabeça, usando tecnologia, staff treinado, dedicado e altamente capacitado, sempre com o foco no paciente e na segurança dele.”

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