Hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, obesidade e doenças respiratórias são algumas das chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). E essas enfermidades merecem cada vez mais atenção: em 2019, no Brasil, cerca de 54,7% dos óbitos registrados foram causados por DCNTs. No mundo, a estatística é mais acentuada, com as DCNTs sendo responsáveis por aproximadamente 74% das mortes,de acordo com levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diante de dados tão expressivos, o diagnóstico precoce é importante. E o uso da tecnologia pode ajudar nesta empreitada. Foi com esse olhar que a healthtech Axenya lançou um conjunto de ferramentas que ajuda na prevenção das DCNTs entre colaboradores de empresas brasileiras.
Mariano García-Valiño, CEO e fundador da Axenya, explica:
“As tecnologias que usamos envolvem software (plataforma digital), hardware (aparelhos como relógio inteligente e balança digital) e inteligência artificial (que automatiza a análise de dados).”
Ainda de acordo com Mariano, a partir destas ferramentas, a Axenya monitora a saúde dos pacientes coletando informações como dados antropométricos (peso, altura e circunferência abdominal), histórico de saúde, padrões de alimentação, frequência de atividade física, qualidade do sono, consumo de bebidas alcoólicas, além de rotina de consultas médicas e exames complementares.
“A integração das informações adquiridas pelo sistema, somada à base de dados de utilização do plano de saúde (que ficam disponíveis aos RHs das empresas), permitem a customização para o rastreio das diferentes doenças crônicas. Isso otimiza as ações educativas direcionadas à população de risco e permite até o contato direto com o indivíduo para apoiá-lo na realização de exames preventivos, o que garante maior adesão”, conta o CEO.
E tudo isso, claro, só é possível com a autorização do paciente, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Então, por exemplo, para um paciente com diabetes, quando ocorre qualquer desvio de rota (como hiperglicemia ou hipoglicemia, não verificação da glicemia, atraso nas refeições etc.), o time de saúde é alertado. E a resposta da equipe médica é dividida em 3 níveis ou estágios.
“O primeiro é dado pela inteligência artificial, por meio de alertas sugerindo correções simples no tratamento, baseadas em protocolos pré-estabelecidos, como se alimentar corretamente, se hidratar e manter os horários de medicação”, esclarece Mariano.
No segundo nível, de acordo com o CEO, o time de saúde entra em contato com o paciente, por mensagem ou ligação, e sugere uma ação mais efetiva, como correção da hipoglicemia com determinada quantidade de alimento ou da hiperglicemia com medicação.
Já no terceiro nível de atendimento, acontece o contato direto com o médico por meio de teleatendimento ou consulta presencial.
“Com este monitoramento contínuo, conseguimos resultados de controle glicêmico fora dos padrões habituais para um paciente com diabetes. E isso ajuda a manter taxas de complicações e expectativa de vida semelhante às do não portador desta condição”, pontua Mariano.
“Dessa forma, melhoramos a qualidade de vida do paciente e reduzimos significativamente os custos médicos, evitando idas desnecessárias ao pronto-socorro e o descontrole do quadro, que pode levar a internações e procedimentos cirúrgicos”, comemora.
A Axenya, que opera no modelo B2B, em parceria com os departamentos de RH e de finanças das empresas, atualmente, atende 50 mil vidas, em todo território nacional. “São empresas a partir de 100 vidas, em que a abertura de dados de utilização do plano de saúde é permitida”, argumenta o CEO.
E os resultados do uso desta tecnologia são promissores.
“Estudos clínicos comprovam que nossa tecnologia e cuidado reduzem em 14% o risco de infarto, em 15% o risco de AVC e em 20% o risco de morte por diabetes”, afirma Mariano.
Além disso, especificamente sobre câncer, por exemplo, uma pesquisa realizada com 5.869 mulheres atendidas pela Axenya, em outubro de 2022, constatou que 97,07% delas realizaram exames preventivos de câncer de mama nos últimos 12 meses. “Esse número vem aumentando gradativamente, e já é reflexo do sistema de monitoramento”, comenta.
O foco da tecnologia vendida pela startup é o bem-estar dos colaboradores das empresas. “Enquanto estão sozinhos, pacientes tomam decisões de forma unilateral, sem conhecimento ou dados. O ideal, mas impossível, seria ter um médico em tempo integral acompanhando, monitorando e direcionando os cuidados. A nossa tecnologia faz esse papel. O resultado? Melhora significativa da qualidade de vida e redução importante de custos”, aponta o CEO.
Nesse contexto, a tecnologia transforma a experiência do usuário em algo mais amigável. E mais, por meio destas ferramentas, os colaboradores passam a ter maior acesso a informações sobre saúde. E isto é feito tanto por meio de e-books ou informativos quanto com a ajuda de jogos, auxiliando o colaborador na condução de seu tratamento.
“Um paciente com doença respiratória como a asma, por exemplo, pode aprender que fatores funcionam como gatilho das crises de falta de ar. Toda vez que o doente tem uma agudização do quadro, uma série de perguntas é disparada para ele, e orientações são sugeridas. Quanto mais o usuário interage com o sistema, mais a inteligência artificial melhora as orientações. É uma relação de confiança em que todos ganham: o paciente, o idealizador do software e a empresa que contrata o serviço”, garante Mariano.
Como diz o CEO, todos os envolvidos se beneficiam com a tecnologia. Isso porque, para os profissionais da saúde, as consultas passam a ser mais assertivas. A tecnologia fornece ao médico dashboards e relatórios detalhados sobre o comportamento de saúde do usuário.
“Assim, o paciente entra no consultório e não precisa tentar lembrar o que se passou desde a última consulta, já que o sistema o informa com precisão. Assim, o profissional de saúde tem mais dados e conhecimento para um direcionamento preciso ao paciente”, explica o fundador da Axenya.
Já para as empresas, a tecnologia identifica as características e riscos de saúde dos colaboradores e, ao mesmo tempo, personaliza os cuidados com a saúde dos indivíduos.
“Assim, identificamos e nos antecipamos a possíveis ofensores da sinistralidade, reduzindo custos de forma significativa para o empregador. Com pessoas mais saudáveis, também evitamos absenteísmo e melhoramos a produtividade das empresas. Ou seja, o benefício é a redução de custo e o aumento de receita. Além disso, essa sistemática de cuidado se torna uma poderosa ferramenta de engajamento do colaborador com a empresa. A tecnologia nos permite deixar de agir de maneira reativa para agirmos de maneira proativa”, conclui Mariano.