• Produtos originais, veganos e revolucionários: como a Scientific Skin Technology quer mudar o jogo dos dermocosméticos no Brasil

    Rafael Arpini, fundador da Scientific Skin
    Jose Renato Junior | 1 jul 2021

    Interessados em tratamentos inovadores, antes mesmo de o médico Rafael Arpini e a fisioterapeuta Mariana Sponchiado Arpini se casarem, em 2015, eles são, desde 2009, sócios em uma rede de clínicas de medicina estética. 

    Com um olhar único para a tecnologia e o futuro da profissão, os dois sabiam que o mercado passava por um momento de carência no país. “Tradicionalmente, a indústria desenvolve cosméticos e os leva para o consultório médico”, explica Rafael. “E muitas vezes o médico tem que lançar mão ainda de outros tipos de tratamento e formulações para atingir os seus objetivos.”

    Em consultório, Rafael precisava usar muitos produtos manipulados como alternativa de tratamento. “O gatilho que surgiu foi o de inverter a lógica: entender as dores dos pacientes e levar tudo isso para o desenvolvimento da indústria”, conta.

    A ideia do profissional formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre em medicina cosmética e envelhecimento pela Universidade de Barcelona, na Espanha, era democratizar os tratamentos usados em consultório para os consumidores finais.

    Enquanto Rafael realizava seu mestrado em Barcelona, Mariana passava pelo mesmo processo, estudando epigenética, área que estuda a capacidade do organismo de ativar ou desativar genes de acordo com o ambiente. 

    “A necessidade surgiu no consultório, a oportunidade surgiu no mestrado e, disso tudo, nasceu nossa empresa”, comenta Rafael. 

    A Scientific Skin Technology é uma healthtech que oferece séruns originais e 100% veganos, cujo objetivo é revolucionar o cenário da cosmetologia no país. 

    Em Barcelona, ambos conheceram Jorge Cardoso, conselheiro de grandes empresas na região sul do Brasil, e passaram a realizar mentorias de negócios com o empreendedor. Enquanto isso, pesquisavam ativos, demandas e a ideia de desenvolver um produto. 

    Com o apoio do especialista, o casal contratou uma consultoria para realizar contratos, auxiliar a validação dos produtos na Anvisa e realizar o passo a passo para que a Scientific ficasse efetivamente de pé. 

    Com um investimento próprio de R$ 2 milhões, Rafael e Mariana mantiveram um pé na medicina e o outro no empreendedorismo. 

    Mariana Arpini, COO da Scientific Skin

    E-COMMERCE PARA O CONSUMIDOR FINAL

    Ainda que os médicos tivessem alguma experiência lidando com a parte administrativa de suas clínicas, eles consideram que a empreitada com a Scientific foi um grande desafio. 

    “Quando entramos nesse mundo empresarial, fomos conhecendo muitas coisas e entendendo que não seria fácil”, lembra Mariana. “E percebemos que é imensamente prazeroso”, completa Rafael, que continua: “Nós tivemos a oportunidade de sair da zona de conforto e hoje é incrível nos vermos como empreendedores da área”.

    Em 2017, conforme planejavam os caminhos que a healthtech seguiria, Rafael e Mariana entenderam que o melhor modelo a ser adotado seria o direct consumer, ou seja, a venda direta para o consumidor final com uma empresa 100% digital. 

    Para conseguir isso, contrataram serviços terceirizados em um núcleo central. Traduzindo: há uma base em Itajaí (SC), mas grande parte da operação funciona em regime remoto. 

    “Compramos todos os ativos e embalagens, entregamos para uma empresa que realiza a produção e recebemos tudo pronto, contando com uma empresa de logística para distribuir os produtos”, explica Rafael. 

    Tudo isso está conectado através de um CRM, responsável pelo customer service, cadastro de consumidores e nuvem de marketing. 

    A Scientific já despertou a atenção de duas grandes empresas do mercado cosmético nacional, que têm interesse em levar produtos da companhia para pontos de venda físicos – butiques, drogarias e farmácias específicas de dermocosméticos. 

    Mas a empresa, garantem os empreendedores, não pretende desenvolver um grande projeto de B2B. “O foco do nosso negócio, do investimento e dos investidores que estamos buscando em rodadas envolve, majoritariamente, o mercado digital e a venda via e-commerce”, reafirma Rafael.

    SETE PRODUTOS E UMA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

    Uma rápida visita ao site da Scientific revela a série de sete séruns que a empresa desenvolve para a saúde da pele: com propriedades regeneradoras, calmantes, para controle de oleosidade, preenchedoras, de efeito lifting, antioxidantes e clareadoras. 

    No meio de tantos produtos, um leigo pode se perder e não saber exatamente por onde começar. Entra aí uma das jogadas de mestre da healthtech: um algoritmo chamado Skin ID que, por meio de uma foto enviada pelo usuário e um breve questionário, realiza a leitura do rosto e entrega o sérum ideal. 

    “Ele faz uma avaliação por inteligência artificial e oferece duas opções possíveis: um sérum único ou uma opção de tratamento ‘dia e noite’”, explica Rafael. 

    Segundo o empreendedor, essa inovação democratiza o acesso e o entendimento para que o usuário compreenda qual o melhor cosmético para sua pele. 

    Todas as formulações da Scientific são originais e também contam com um DNA de inovação. 

    O melasma, por exemplo, é um tipo de mancha na pele que piora com exposição maior ao sol, ao mesmo tempo que pode se agravar graças a características inflamatórias. 

    Segundo o casal, muitos médicos receitam um tratamento com clareadores específicos para o inverno, momento mais providencial para a melhora da condição. Em tese, esse produto não poderia ser usado no verão, já que clareadores tradicionais agridem a pele. 

    Não é o caso do tratamento da Scientific: em vez de utilizar ácidos, como seus concorrentes, o sérum usa peptídeos – que têm ação clareadora e sem reação inflamatória. 

    “Todos os nossos produtos têm alguma tônica nesse sentido”, reforça Mariana. 

    A linha de sete produtos da empresa

    A POSSIBILIDADE DO MIX AND MATCH

    Os séruns da empresa também têm uma característica interessantíssima, tanto para os negócios quanto para os consumidores: a possibilidade de serem misturados para criar produtos específicos para queixas individuais. 

    “Temos sete séruns, que tratam as principais queixas dos pacientes. Quando misturamos ou os combinamos, os produtos ganham a capacidade de lidar com queixas complexas”, explica Rafael. 

    Queixas básicas, no caso, podem ser manchas ou oleosidade. Problemas complexos envolvem, por exemplo, melasmas e acne. Neste último caso, a mistura do sérum que controla oleosidade com o sérum xalmante, com propriedades anti-inflamatórias, é capaz de tratar e controlar a queixa. 

    O negócio também não tem idade alvo: o mesmo sérum pode tratar espinhas em adolescentes e controlar os poros de um paciente mais velho. 

    Em seu  primeiro ano de vida, 2020, a Scientific apresentou crescimento em todos os meses. Segundo os fundadores, a empresa chegou a crescer seis vezes entre janeiro e dezembro. 

    Em 2021, o ritmo está ainda maior: de janeiro a abril, a healthtech já bateu todo o faturamento de 2020 (aproximadamente R$ 450 mil). 

    A meta é fechar este ano com um faturamento de R$ 1,5 milhão. Com possíveis aportes, o número pode ir ainda mais longe. Considerando o mar azul em que a Scientific navega, essa parece uma realidade sem tempestades.

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