• Como a NeuralMed quer crescer 750% até 2025 usando IA para auxiliar sistemas de saúde na tomada de decisão

    André Castilla e Anthony Eigier, fundadores da Neuralmed
    Jose Renato Junior | 8 set 2021

    Um economista com passado em empreendedorismo tecnológico e um radiologista com doutorado em inteligência artificial. Impossível pensar em um match mais perfeito que tivesse como resultado um negócio inovador em saúde.

    Pois foi trabalhando juntos em uma empresa de diagnóstico por imagem que Anthony Eigier e André Castilla tiveram a ideia de criar a NeuralMed, uma startup que usa a inteligência artificial para ajudar sistemas de saúde a fazer triagens de pacientes, estabelecendo prioridade de atendimentos.

    A solução auxilia os clientes a melhorarem a precisão dos diagnósticos, tomarem decisões mais assertivas que implicam em redução de tempo e de custo dos processos em prontos-socorros, hospitais e instituições de saúde.

    Embora seja economista, Anthony tem familiaridade com o setor de saúde: é filho e neto de médicos. “Meu pai, além de médico, é empreendedor no setor de saúde, então, desde pequeno a conversa na mesa de jantar sempre foi saúde e como empreender em volta dela”, diz Anthony. 

    “Acho que fiz o caminho mais longo até criar uma empresa no setor, mas acredito que esse caminho me preparou melhor para os desafios que encontrei”, afirma.

    Anthony é formado em economia pela Northwest University e tem em seu currículo passagens pelo J.P. Morgan e pelo Banco Safra. É cofundador da Tree Labs, uma aceleradora de startups criada há dez anos, e também da Fanatee, desenvolvedora de games para celular. 

    UM NEGÓCIO QUE NASCEU DE UM ENCONTRO FORTUITO

    Quando decidiu que investiria na saúde, foi trabalhar na empresa de radiologia da família, a Eigier Diagnóstico, onde conheceu o médico André, que tem doutorado em informática médica com ênfase em IA.

    No dia a dia, em busca de como usar inovações no setor médico, Anthony encontrou no radiologista a companhia perfeita para os debates em como melhorar processos. 

    “As nossas conversas rapidamente evoluíram para entendermos como usar IA para resolver alguns dos problemas que víamos no dia a dia do sistema de saúde. Após validar nossas hipóteses com alguns algoritmos básicos, criamos a NeuralMed”, lembra o CEO.

    A partir da análise de textos e de imagens, como raio X, tomografia e eletrocardiograma, os algoritmos da NeuralMed organizam o fluxo de pacientes baseado em criticidade.

    A inteligência artificial é empregada para fazer a análise dessas imagens e textos médicos e diferenciar conceitos como estrutura anatômica, patologias e condução terapêutica. Os resultados auxiliam os médicos, identificando patologias e estruturando laudos. 

    Ainda de acordo com Anthony, a startup traz o paciente para o centro da inteligência ao acompanhar seus dados por todos os setores. “Contribuímos com todos os agentes do sistema: enfermagem, médicos generalistas, médicos especialistas e até gestores”, diz. 

    “Com todas essas informações trabalhando juntas, a NeuralMed dá aos seus clientes a habilidade de triar pacientes de forma mais eficiente, diminuir exames desnecessários e até ajustar seus protocolos de atendimento.”

    SOLUÇÕES QUE TÊM A SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR

    Hoje, a NeuralMed tem soluções completas para o mercado, que vão além das iniciais que auxiliavam a tomada de decisão do PS e o controle do fluxo pela enfermagem.

    Hoje, ela tem soluções completas que, por meio da IA, permitem que o paciente seja acompanhado em todos os setores, desde os exames de imagem e métodos gráficos até os textos dos laudos.

    Tudo isso com o objetivo, afirma o empreendedor, de otimizar processos e fluxos. Os serviços podem ser utilizados tanto pelas interfaces criadas pela startup quanto via API, que é integrada 100% ao sistema atual do cliente. 

    “Nós somos uma empresa de saúde antes de ser uma companhia de tecnologia”, reitera o CEO. 

    Por seguir com esse pensamento, a startup entende o quanto é necessário olhar o sistema como um todo e compreender como os profissionais vão aplicar a tecnologia. 

    “Buscamos entender quais as reais necessidades dos médicos e profissionais da área para que, assim, possamos desenvolver as soluções mais assertivas”, explica. 

    “Com isso, conseguimos integrar a tecnologia ao fluxo de qualquer instituição de saúde. A nossa inteligência artificial se integra de forma eficaz e transparente ao fluxo de trabalho dos profissionais da saúde, entregando ganhos de produtividade e precisão.”

    GRUPO NOTREDAME INTERMÉDICA LIDEROU INVESTIMENTO

    Desde 2018, a NeuralMed já recebeu investimentos dos sócios, de investidores-anjos e de fundos. Recentemente, foi anunciada a conclusão de uma rodada de investimento de R$ 10 milhões, liderada pelo Grupo NotreDame Intermédica (GNDI). 

    Esse novo aporte se soma aos R$ 3,2 milhões que a healthtech já havia recebido no início de 2021 de quatro fundos de investimentos: Alexia Ventures, Norte Ventures, MG Tech e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de investidores-anjo. 

    Atualmente, os parceiros da startup são quatro: BID, GNDI, Hospital das Clínicas de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

    Sem divulgar dados de faturamento, Anthony afirma que 2020 foi um ano de muito crescimento. “Dobramos o nosso time e triplicamos a quantidade de unidades de atendimento que utilizam nossas soluções”, comemora.

    Com o aporte recebido, A NeuralMed pretende aumentar o time para desenvolver novas soluções tecnológicas e acelerar o processo de internacionalização. 

    “A ideia é que rapidamente viremos o maior hub de informações da área de saúde, consolidando bancos de dados construídos a partir de exames de imagens, textos de laudos e prontuários médicos”, afirma o CEO. 

    “Nos próximos meses, vamos lançar um novo portfólio de soluções focado em melhorar a jornada do paciente e o fluxo da tomada de decisão dos agentes desse ecossistema”, antecipa.

    E para os próximos anos, a empresa prevê um crescimento bastante promissor. “Nossa meta inicial de atender 20 hospitais em 2021 já foi ultrapassada e agora estamos mirando crescer 700% até 2025, analisando mais de 1 milhão de exames por mês em vários países”, diz Anthony. 

    “Queremos ser um dos maiores players globais de análise de dados focado em melhorias de eficiência e tomada de decisão. Para isso, temos que mirar muito nos produtos atuais, e garantirmos o uso e as melhorias para nosso crescimento exponencial contínuo.”

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