A pressão sobre o sistema de saúde nunca esteve tão alta. Com o aumento da demanda por atendimento médico e a escassez de profissionais em determinadas áreas, cresce o desafio de oferecer um cuidado eficiente, acessível e de qualidade a todos.
Ao mesmo tempo, os pacientes estão mais criteriosos, exigindo respostas rápidas, diagnósticos precisos e experiências personalizadas. Dentro deste cenário, a tecnologia surge como uma aliada fundamental na área médica, com a inteligência artificial assumindo um papel de destaque entre as ferramentas mais promissoras.
A adoção da inteligência artificial (IA) no setor de saúde vem avançando rapidamente. Um levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em parceria com a Associação Brasileira de Startups de Saúde e Healthtechs (ABSS), revelou que, em 2023, 62,5% das instituições de saúde no Brasil já incorporavam a tecnologia em suas operações.
Os benefícios são evidentes: a IA tem reduzido tarefas burocráticas, otimizando o tempo dos médicos e contribuindo para a personalização dos atendimentos.
Em vez de preencher prontuários ou buscar informações em diferentes sistemas, os profissionais de saúde podem se concentrar no que realmente importa: o cuidado com o paciente.
Entre as inovações mais transformadoras na saúde, os agentes de IA têm ganhado protagonismo. Esses sistemas inteligentes não apenas analisam dados, mas também interpretam contextos clínicos, interagem com médicos e executam ações de forma autônoma, tornando-se aliados essenciais no fluxo de trabalho assistencial.
Hoje, esses agentes atuam diretamente no suporte a diagnósticos e na tomada de decisões clínicas, trazendo níveis de precisão comparáveis aos dos especialistas mais experientes. Para médicos menos experientes, a IA acelera o aprendizado e eleva sua capacidade de atuação de forma imediata. Já para profissionais altamente especializados, funciona como um copiloto estratégico, oferecendo insights em tempo real e permitindo decisões mais rápidas e embasadas.
O impacto é visível em diversas áreas, como radiologia, cardiologia e telemedicina. Na radiologia, por exemplo, agentes de IA detectam padrões sutis em exames de imagem, identificando doenças em estágios iniciais e aumentando as chances de tratamento eficaz.
Em atendimentos remotos, a tecnologia facilita triagens e encaminhamentos mais precisos. Além disso, clínicas, hospitais e unidades de saúde pública já utilizam esses agentes para automatizar processos, estruturar dados clínicos e garantir que os prontuários médicos deixem de ser apenas registros estáticos para se tornarem ferramentas dinâmicas de suporte à jornada de cuidado do paciente.
Com os avanços contínuos em modelos de linguagem e aprendizado profundo, a tendência é que esses agentes ganhem ainda mais autonomia e relevância, reduzindo gargalos históricos do sistema de saúde e ampliando a capacidade de atendimento sem comprometer a qualidade do cuidado.
Apesar de todo este efeito, é sempre importante deixar claro que os agentes de IA ainda estão longe de substituir integralmente a atuação médica. Eles são poderosos complementos.
A ideia a partir de seu uso é proporcionar a automatização do que é repetitivo e burocrático, liberando o profissional da saúde para tarefas que exigem empatia, escuta e decisão clínica.
O bom uso da tecnologia deve ampliar a capacidade de atendimento, mas não abrir mão do toque humano que é fundamental na medicina.
Os agentes de IA já são protagonistas da transformação digital da saúde.
De acordo com levantamento da consultoria Grand View Research, o mercado de tecnologia voltada para os cuidados em saúde deve movimentar mais de US$ 180 bilhões até o final da década.
A inteligência artificial vem transformando a lógica de atuação do setor, tornando o prontuário mais inteligente, a consulta mais dinâmica e o cuidado mais personalizado.
O futuro, nem tão distante assim, aponta para um sistema mais eficiente, proativo e centrado nas pessoas,com médicos e algoritmos atuando em conjunto para um atendimento mais humano e eficiente.
*Marcelo Mearim é CEO da Sofya no Brasil.