• Mais eficiência e menos custo em internações? Conheça a fórmula da Carefy para ajudar operadoras de plano de saúde

    Marcelo Alexandre Santos, Erika Monteiro Silva e José Carlos Bueno de Moraes: como três egressos da USP pivotaram um negócio ao perceber, imersos em um grupo hospitalar, a dificuldade que os planos tinham em fazer auditoria médica e gestão de pacientes internados
    Jose Renato Junior | 28 out 2020

    Empresa de gestão e monitoramento de internações, a Carefy oferece apoio para a tomada de decisão das operadoras de planos de saúde. Sua solução possibilita redução de custos nas internações e no tempo médio de permanência dos pacientes nos hospitais, além de melhoria na assistência para as operadoras.

    Em três anos, monitorou mais de 210 mil internações em mais de 620 hospitais. Foi premiada em primeiro lugar no Healthcare Innovation Show de 2017 e em segundo lugar no ranking Top 10 Healthcare da 100 Open Startups 2019. Ainda assim, Marcelo Alexandre Santos, CEO e cofundador da startup, é modesto ao defini-la: “Somos uma empresa de tecnologia”.

    Marcelo trouxe para a Carefy lições aprendidas de outro empreendimento seu, em parceria com José Carlos Bueno de Moraes, também cofundador e atual CTO da empresa.

    “Quando nós ainda estávamos na época da graduação na faculdade, montamos o aplicativo Hoje Tem Frango”, relembra.

    O aplicativo trazia as rotas de ônibus que circulavam pelo campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, ajudando os estudantes, além de mostrar o cardápio dos restaurantes locais.

    “Criamos o app por causa de uma dor nossa, de universitário. Mas ele foi crescendo dentro da universidade e acabou sendo vendido depois de dois ou três anos”, diz o CEO. A marca foi comprada pela Seara.

    “Apesar de não ter relação direta com a Carefy, essa história tem ligação com o nosso crescimento profissional. A gente aprendeu bastante lá no início, como o próprio relacionamento com o usuário”, explica Marcelo.

    Marcelo Alexandre Santos, CEO e cofundador da startup

    PIVOTAGEM DEPOIS DE IMERSÃO EM GRUPO HOSPITALAR

    A realidade dos dois, hoje, está no setor da saúde – e eles estão acompanhados, nessa empreitada, por Erika Monteiro Silva, formada em Nutrição e Metabolismo e a última cofundadora e atual CCO.

    “O foco da Carefy é atender planos de saúde, que têm essa maior dificuldade do monitoramento das internações. A gente consegue atender outros players, como empresas de auditoria por exemplo, mas o foco não é esse”, diz Erika.

    Os clientes da Carefy vão do Grupo São Francisco (comprado recentemente pela Hapvida), com mais de um milhão de beneficiários, até empresas menores como a Unihosp, de São Luis (MA), passando pela Porto Seguro, seguradora de saúde que conta com mais de 200 mil vidas nessa modalidade.

    “Não há barreira geográfica na Carefy. Elas não existem para a tecnologia”, completa.

    A própria startup não está localizada em uma grande cidade, como São Paulo ou Rio de Janeiro. O trio fica na própria Ribeirão Preto, no interior paulista – mais especificamente no Supera Parque, a incubadora que nasceu da parceria entre a entidade pública municipal Fipase, USP, Prefeitura de Ribeirão Preto e a Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.

    “Hoje já temos uma sala com equipe lá no Supera – e um espaço no Cubo, o que faz muita coisa também acontecer na capital”, diz Marcelo.

    Formados em Informática Biomédica, Marcelo e Carlos frequentavam o Supera Parque com Erika para acelerar uma outra startup que o trio toca até hoje, a My Diet Web, uma solução desenvolvida para nutricionistas que atuam na área clínica que otimiza o tempo de trabalho dos profissionais de nutrição gerando cálculos automáticos do plano alimentar, gasto energético, adequação de nutrientes e composição corporal.

    Formada em Nutrição e Metabolismo, Erika Monteiro Silva é a CCO da empresa

    Lá, conheceram a equipe de gestão do Grupo São Francisco e foram convidados para validar a solução deles em pacientes internados dos hospitais do grupo. Uma vez dentro do processo, entenderam outros desafios que o grupo enfrentava e optaram por pivotar a solução inicial.

    Assim, já dentro do Supera Parque, surgiu a Carefy, para monitoramento de leitos.

    “Foi aí o começo da jornada. Entramos para tentar resolver um desafio específico – e, uma vez no processo deles, tivemos essa imersão no grupo, que é tanto operadora quanto hospital”, completa.

    Os três perceberam a deficiência na gestão de pacientes internados, e que era preciso centralizar todo o processo de auditoria médica. Seguiram a cartilha dos empreendedores: realizaram um levantamento e um mapeamento de mercado, para entender se os desafios ali encontrados também eram os problemas de outras operadoras.

    VÁRIOS GATOS PULANDO AO MESMO TEMPO

    “Imersos lá, identificamos essa oportunidade de entrar no processo de auditoria de internação, que era o problema da operadora em relação aos pacientes internados – e já olhando a rede credenciada como um todo, não só os hospitais próprios. O objetivo era otimizar o processo”, explica Marcelo.

    O método usado, segundo o CEO, era manual, e as informações demoravam muito para chegar aos tomadores de decisão de cada fase. “A gente desenhou como seria aquele processo de monitoramento de internação utilizando tecnologia. Depois disso montamos um MVP, validamos isso e fomos crescendo lá dentro.”

    O pulo do gato? Os fundadores acreditam que, na Carefy, “vários gatos estão pulando ao mesmo tempo”.

    A plataforma inclui integração via TI com o sistema, inteligência artificial, protocolos desenhados dentro da solução para gerar alertas em tempo real e aplicativo móvel que funciona em qualquer sistema operacional e que é utilizado por profissionais de saúde no monitoramento externo.

    Além disso, uma plataforma web, acessada pelo corpo de gestão, traz todos os indicadores para gerenciar o negócio, gráficos em tempo real e sinalizações de inconformidade.

    “É de fato um desenho de um processo de monitoramento de informação usando tecnologia em todas as pontas que fazem sentido, com muita coisa rolando ao mesmo tempo”, detalha Marcelo.

    José Carlos Bueno: o CTO tem experiência com outras duas startups com o amigo Marcelo

    COMO A HEALTHTECH LIDOU COM A COVID-19

    Nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, os fundadores da empresa viram as prioridades do mercado da saúde mudarem. “Mas, de dois meses para cá, voltamos a ter muitos novos contatos e esperamos um crescimento expressivo”, diz Marcelo.

    “Estamos com projeção de, até o final do ano, dobrar de tamanho em relação ao ano passado.”

    A meta, explica ele, era um pouco mais agressiva, mas ainda assim o crescimento foi expressivo. “Temos boas expectativas para o próximo ano”, diz.

    A importância de realizar o monitoramento de internados acabou sendo o grande negócio da healthtech neste ano. “Muitas operadoras que não estavam olhando para isso começaram a lidar com o monitoramento de internações”, conta Erika.

    “Muitas podem nem ter ido buscar soluções no mercado, mas se conscientizaram muito rapidamente da importância de monitorar suas internações.”

    O tão falado “novo normal” é assunto do interesse da Carefy. “A solução que a gente se propõe a oferecer a nossos clientes, por ser focada em internação – auditoria de internação, resultado financeiro, a melhoria do atendimento –, é uma solução que vai continuar rodando”, acredita Marcelo.

    A transformação digital foi uma conquista a ser não apenas mantida, mas aprimorada. “A gente tinha pouco acesso a soluções à distância. Precisava muito do físico, estar lá”, conta. “Agora, durante a pandemia, algumas barreiras começaram a ser quebradas, no sentido de os profissionais mesmo em home office conseguirem acessar a informação relevante para o processo de tomada de decisão, para fazer esse acompanhamento.”

    O futuro também parece otimista para Marcelo, Erika e José no que diz respeito ao crescimento da empresa. “Temos duas metas para 2021. Uma é orgânica: dobrar de tamanho novamente – o que já vai ser um mega desafio. Outra, com uma possível rodada de investimento aberto, que já estamos negociando, é para quadruplicar de tamanho”, conta Marcelo.

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