• “A medicina já permite às mulheres dar à luz bem depois dos 50. Isso é uma revolução”, diz o ginecologista Nelson Antunes Júnior

    O ginecologista e obstetra Nelson Antunes Júnior
    Jose Renato Junior | 16 ago 2021

    Uma quantidade considerável de casais que tentam engravidar durante um ano não tem sucesso. Considerados pela Organização Mundial da Saúde como inférteis, eles representam 15% da população. 

    Durante a maior parte dos últimos 35 anos, casais assim eram os principais clientes do ginecologista e obstetra Nelson Antunes Júnior. Diretor administrativo do Projeto Alfa (Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida), ele vê com curiosidade e entusiasmo uma mudança significativa em seu público. 

    “Hoje, 40% dos meus atendimentos, do nosso movimento de laboratório é para criopreservar óvulos, o que mostra uma mulher completamente nova, indo em busca de uma fertilidade lá adiante”, conta ele.

    “Isso vai fazer com que, em alguns anos, muitas mulheres resolvam ficar grávidas entre 55 e 60 anos de óvulos próprios guardados quando elas estavam na faixa de 30 a 40 anos”, explica o médico. “E isso é uma revolução.”

    Nelson define-se um “apaixonado” pela sua especialidade. Paixão que começou quando, no quinto ano da faculdade de medicina, ele leu nos jornais sobre o nascimento de Louise Brown, o “primeiro bebê de proveta”, como era chamada a fertilização in vitro, ou FIV. 

    Mais tarde, com dois amigos – o urologista Sidney Glina e o também ginecologista e obstetra Jonathas Borges –, foi o responsável pela unidade de reprodução humana que funcionava no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. 

    Em 2003, os três saíram de lá e, com outro amigo ginecologista, Newton Busso, criaram o Projeto Alfa – e, para democratizar o acesso à reprodução assistida, inauguraram também o Projeto Beta, praticando preços mais acessíveis por meio de um modelo em que os casais pagantes do negócio original ajudavam a custear o tratamento de quem tem menos recursos.

    Nesta entrevista a Future Health, Nelson conta, entre outras coisas, sobre a revolução nos comportamentos provocada pela constante inovação em sua área. 

    Como você se interessou por reprodução assistida?
    Em 1978, nasceu na Inglaterra Louise Brown, o primeiro bebê de proveta, um nome que já ficou antigo, e foi uma inovação espetacular dentro do processo da natureza reprodutiva, uma quebra de paradigma: a fertilização foi feita fora do corpo feminino. Nesse momento, estava no meu quinto ano de medicina, e tinha intenção de fazer ginecologia obstetrícia. 

    Como sempre fui obsessivo para estudar, fiquei muito animado com essa inovação.

    Em 1985, acabei formando um grupo de reprodução e montei um laboratório em um hospital de São Paulo com alguns colegas da época, que são parceiros até hoje, Dr. Sidney Glina, urologista, e o Dr. Jonathas Borges, ginecologista. Dois anos depois, o pessoal do [Hospital Israelita Albert] Einstein nos chamou e falou: ‘Olha, aquele hospital do outro lado do rio vai crescer muito nos próximos anos, e a gente queria ter uma tecnologia de ponta, porque essa é a cara do hospital’. 

    Montamos então um serviço de fertilidade no Einstein e ficamos lá até 2002.

    Em 2002, saímos e criamos, com o laboratório de mais um colega [Newton Busso], o Projeto Alfa, ou Aliança dos Laboratórios de Fertilização Assistida, que hoje é uma das três maiores clínicas do país e tem uma história de 35 anos.

    O que aconteceu com a reprodução humana nesses anos todos?
    Nas décadas de 80, 90 e 2000, a reprodução humana teve inúmeras novidades e mudanças associadas a toda uma mudança sociocultural. E eu diria que nos últimos anos o empoderamento feminino é a característica mais espetacular que se une a esta tecnologia. 

    Se, em 1970, eu dissesse para minha mãe que eu trabalharia com mulheres de 38 anos que querem ter filhos, ela ia dizer que sou um vagabundo, porque essa mulher não existia. 

    Mas veio a pílula anticoncepcional que, de novo, é a ciência modificando comportamentos, e transformou completamente a sexualidade nesses últimos 30, 40 anos. Ela permitiu que as pessoas tivessem filhos quando quisessem e transassem quando quisessem. Mas isso trouxe também uma ‘distração’ em relação à fertilidade feminina, porque a mulher foi para o mercado e ficou animada com a liberdade, com a condição socioeconômica que acabou completamente com sua dependência masculina. 

    E as mulheres entravam aqui alguns anos atrás, jogavam o crachá em cima da mesa e falavam: fui enganada pelo tempo, agora quero trocar o meu crachá por um bebê. Recentemente, elas entram aqui falando: ‘Dá aqui o meu crachá de volta, porque eu quero guardar óvulos para o futuro’.

    Nós estamos fazendo uma revolução e eu adoraria que os homens percebessem o que está acontecendo. Então, e aí vem uma situação espetacular, terminamos a década de 80 com os processos de fertilização in vitro tendo um resultado de 10 a 12% de sucesso. E esses resultados vão crescendo, e vão derrubando algumas terapias e alguns processos terapêuticos que acabam cada vez sendo mais substituídos por eles. Hoje, abaixo dos 35 anos, a chance de sucesso de uma gravidez está acima de 50%. E isso evidentemente que muda muita coisa e traz uma segurança para a busca de gestação mais tarde.

    Quais fatores interferiram nisso?
    Muitos processos nesses 40 anos facilitaram esse aumento dos resultados, por exemplo: melhoria das condições de laboratório, do conhecimento de técnicas de cultura celular, de controle de qualidade, medicamentos que apareceram no mercado continuamente melhorando a condição da busca por qualidade dos óvulos, técnicas que revolucionaram… 

    Em 1992, surgiu a técnica ICSI, que é a injeção de espermatozóide dentro do óvulo. 

    Ela tornou a fertilidade, ou a infertilidade, do homem completamente distinta do que era um ano antes, porque estabeleceu a relação de um óvulo para um espermatozoide – e não de um óvulo para milhares, milhões de espermatozoides. Dentro da criopreservação, guardamos espermatozoide congelado há muitos anos. Embriões passamos a guardar a partir de 1984 – eu, aqui no Brasil, desde 1987. Isso, porém, carrega toda uma questão ética, porque implica na relação de duas pessoas que têm uma conexão afetiva, jurídica e humana, o que pode causar problemas de toda ordem. 

    A grande busca era que a gente conseguisse na criopreservação guardar o óvulo sozinho – o que é uma libertação da menopausa da mulher. 

    A menopausa feminina é um trem na contramão da vida da mulher, a cada ano que passa ela fica mais próxima dessa trombada, que causa a perda da fertilidade. Em 2006, apareceu uma técnica que foi uma revolução para esse modelo comportamental feminino, que permitiu que pudéssemos guardar óvulos com a mesma eficiência com que se guardam embriões e espermatozoides. Isso levou alguns anos para estar “no varejo”, mas há algum tempo vem crescendo espetacularmente. Hoje é uma tecnologia absurdamente disponível para todo mundo, que tem feito uma revolução.

    Para você ter uma ideia, hoje, 40% dos meus atendimentos, do nosso movimento de laboratório é para criopreservar óvulos, o que mostra uma mulher completamente nova, indo em busca de uma fertilidade lá adiante. 

    Isso está baseado num conceito de que quem fica velho é o ovário, não o útero. Portanto, desde que tenha uma saúde cardiológica, pulmonar e renal adequada, a mulher pode retardar a gravidez bastante – a ponto de a mulher mais velha que deu à luz no mundo o fez com 71 anos e meio. 

    Que consequências você enxerga?
    Isso vai fazer com que, em alguns anos, muitas mulheres resolvam ficar grávidas entre 55 e 60 anos de óvulos próprios guardados quando elas estavam na faixa de 30 a 40 anos. E isso é uma revolução. Tem outra consequência: a geração de hoje que tem entre 50 e 60 anos é uma espetacular consumidora de pets, independentemente de terem filhos. 

    O pet traz uma maternidade irresponsável, porque ninguém fica com culpa se o cachorro fizer cocô na sala, ficar na sua cama para sempre ou se não puser numa escola cara. 

    Então, seguramente, os pets, que crescem dois dígitos por mês mesmo nas crises, sofrerão um abalo nessa situação. O problema que vejo é que, na década de 1970 e a partir dela, a democratização do preço da pílula levava qualquer pessoa a poder entrar numa farmácia e tomar essa atitude. Infelizmente, a criopreservação de óvulos não é tão democrática assim do ponto de vista econômico, por isso entendo que, pelo menos em países em desenvolvimento, esse impacto poderá não ser tão forte.

    Foi para democratizar o acesso à reprodução assistida que você e seus sócios criaram o Projeto Beta, certo?
    Sim. Saímos do Einstein em 2002, e o motivo de termos saído foi que pagar o metro quadrado do Einstein – e eu tinha meio andar – encarecia demais nosso condomínio, e sem a necessidade da infraestrutura de um grande hospital. Para retirar óvulos, fazer ultrassom, tomar uma sedação de 10 minutos, não é preciso uma infraestrutura daquele tamanho. 

    Saímos de lá, portanto, em busca de baixar custo para ter um papel social mais alargado. 

    O processo da fertilização lida com pessoas muito jovens. E, quando montamos o Projeto Alfa, a gente não tinha uma ocupação de todos os horários disponíveis das instalações. Era possível para nossos pacientes mais abastados converter um pedaço do valor que pagavam para financiar uma camada menos favorecida. Fizemos isso em 2004 e depois fomos muito copiados, o que eu achei maravilhoso, porque o que interessa é que 15% da população necessita de ajuda para engravidar, e isso vai do Oiapoque ao Chuí, e da classe E à A. Hoje, cerca de 35% dos casos que faço mensalmente vêm do Projeto Beta.

    Quantas fertilizações os seus Projetos Alfa e Beta foram responsáveis até hoje?
    Alguma coisa como 80 mil. Na década de 1980 e 1990 a fertilização assistida era uma coisa de alcova, não era como hoje, isso já foi uma novidade. O primeiro número da revista Crescer é todinho sobre uma tecnologia que fizemos em 1992. Hoje o paciente chega e discute condutas, o que me parece espetacular. Tomara todos os pacientes fizessem isso. Vejo isso como o único jeito de separar o médico bom do ruim. 

    É preciso o paciente poder fazer parte do entendimento do que é melhor para ele, porque quando alguém diz que isso é bom é necessário sempre perguntar: bom para quem? 

    Em reprodução humana tem um casal muito ansioso, muito fragilizado, muito entregue. Sempre digo que quando o paciente arregala os olhos de susto, ele perde a condição de fazer uma leitura razoável e crítica. No nosso caso, há uma ansiedade pela questão da idade feminina, a emoção e a culpa está sempre presente neste modelo de intervenção médica. 

    É preciso sensibilidade para ser médico. Infelizmente nem sempre isso acontece, porque nós temos uma carreira de seleção tecnicista em que o objetivo deveria ser atuação humanista.

    Atualmente, o Brasil faz 46 mil reproduções assistidas nos cerca de 140 centros que existem. Desses, mais ou menos 40 estão em São Paulo, e meu centro faz cerca de 2 mil procedimentos/ano. Mas, segundo a Organização Mundial de Saúde, nós deveríamos fazer 300 mil. 

    Em junho, o Conselho Federal de Medicina atualizou as normas éticas para a reprodução assistida e causou certa polêmica. O que há de polêmico?
    De polêmico quase tudo; de bom, algumas coisas; de ruim, muito poucas. Estamos vivendo polarizações em todas as áreas do dia a dia, e seguramente essa resolução vem no bojo de algumas tendências. A gente que está falando de reprodução há muitos anos tem percebido em alguns países situações de lei ou de resoluções muito restritivas. A Alemanha fez isso em 2001, a Itália, em 2002, a França no final da década de 2000. 

    Isso porque a ciência anda na frente da sociedade e de vez em quando, a sociedade – ou algumas pessoas dela – por não ter conhecimento, ou por crenças religiosas, seja o que for, cerceiam andamentos. 

    Estamos vivendo esse movimento agora, até por motivos dessa polarização de quase tudo. O CFM acabou fazendo algumas restrições que tiram um pouco a liberdade dos melhores resultados para alguns casais. Como a restrição para oito óvulos [o número total de embriões gerados em laboratório, que não tinha limites, não poderá exceder a oito]. Imediatamente fui ver no meu laboratório quantas pessoas seriam atingidas. Concluímos, no nosso laboratório, que o número de pessoas que gerariam mais de oito óvulos corresponde a 45% das pessoas atendidas. Quase metade. 

    Porém – e isso tem muita importância, só 9,5% têm de fato mais do que oito embriões. Como meu laboratório é referência de qualidade, de longevidade e de ética, faço uma leitura muito menos acachapante dessa situação. 

    Apesar disso, existem casos em que é uma catástrofe para o casal uma situação como essa. É muito difícil legislar para todos os casos sem ver a particularização. Fiz uma análise macro, mas queria muito respeitar os casos individualmente. Agora, está na cara que essas atitudes estão alinhadas com um modelo de polarização, tanto religiosa, quanto de direita, como nós estamos vivendo. 

    E o que a nova norma trouxe de bom?
    Uma das coisas é a abertura para doação de óvulos de mulheres até 37 anos, e não apenas até 35. Isso é importante porque nós temos um grande problema a respeito da doação de óvulos. Sabia que 1,5% da população tem menopausa precoce? São mulheres que, às vezes, aos 32, 34 anos, em uma falha menstrual, descobrem isso. Outras começam a perder a qualidade reprodutiva mesmo sem ter menopausa, próximo dos 37. Há ainda, em casos mais raros, as que têm uma doença genética que impedem que tenham filhos dos próprios óvulos ou as que trataram um câncer e ficaram inférteis. E muita gente só resolve ter filho nessa idade ou depois disso. 

    Isso faz com que se necessite buscar doação de óvulos e nossa legislação trazia algumas dificuldades na busca desses óvulos. 

    Eu só poderia oferecer óvulos para uma mulher dessa se eles fossem de uma doadora natural, o que é complicado, porque não posso pagar ou dar benefício. Como vou pegar uma pessoa, pedir para ela tomar uma anestesia para doar? Tenho até vergonha de fazer uma proposta como essa, porque não combina muito com a minha visão do mundo. Outra possibilidade é que essa pessoa tomaria medicações para uma fertilização própria e doaria metade dos óvulos para uma outra pessoa – o que também não é uma coisa simples de se fazer, tendo em vista que convencer alguém que ainda não ficou grávida a dar metade dos óvulos para alguém também é bastante difícil. 

    Tem também uma situação de se buscar óvulos em outros países, por exemplo da Espanha, da Argentina, mas que custam uma fábula, 5 mil, 7 mil euros só para trazer para cá. 

    Para que porcentagem da população uma situação como essa é viável? Por isso que me parece que isso era uma desorganização socioeconômica muito elitista e desrespeitosa. Essa resolução traz uma questão que facilita demais essa situação, mas cria outros problemas. A parte boa é que familiares até o 4º grau poderão ser doadoras de gametas, até a sobrinha da mulher. Resolveu um pedaço, agora posso trazer os problemas? Já pensou os pepinos que nós vamos viver? Estou falando de questões tanto emocionais como em relação, por exemplo, a patrimônio, com possíveis filhos gerados em uma situação dessas.

    Como você vê a reprodução assistida em uns anos?
    Você quer minha visão de futuro? Quero que você veja 5 dedos [Nelson mostra a mão pela chamada de vídeo e vai levantando os dedos, um a um]. 1) Mulheres ficando mais velhas precisam do laboratório de reprodução assistida para engravidar, certo? 2) Mulheres que querem guardar óvulos para o futuro precisam de um laboratório de reprodução humana. 

    3) Homossexuais precisam de um laboratório para reprodução humana. 

    4) Doenças genéticas precisam de um laboratório para curar as doenças genéticas, desviar dos bebês lesados. 5) E o câncer, quando tratado, precisa de um laboratório de reprodução humana para guardar óvulos e espermatozoides para um futuro reprodutor. Que negócio é esse, minha querida? Vai estar linkado com o futuro assim lá em casa. Duvido que tenha muitos negócios que já sejam tão conectados com um futuro tão promissor para o atendimento de pessoas.

    Corrimento feminino toda mulher tem, mas você não vê um expert em corrimento feminino porque o valor agregado é nenhum.

    Enquanto que ter filho tem um valor agregado do caramba. Não é fantástico? Por isso é que nós estamos falando da coisa mais promissora do mercado de saúde, que está ligado com a longevidade. Há 100 ou 120 anos atrás, a mortalidade estava entre 35 e 45 anos de idade. Na Roma Antiga, Cleópatra, que fez aquela bagunça toda na vida dela, morreu com 29 anos, você sabia? 

    Minha mãe, que imaginava que ia morrer com 50, 55 anos, engravidava aos 20, 25. Por quê? Porque ela engravidava 30 anos antes de morrer.

    Sabe o que mais impactou no aumento da longevidade? O que impactou bilhões de vidas foi a queda da mortalidade infantil, olha que coisa espetacular. Há 100 anos, ela era 40%, hoje é 4% no mundo. Parece que o desejo felogênico de reprodução está conseguindo continuar importante nas diferentes culturas e mesmo em idades distintas da que era no tempo da Cleópatra e da minha mãe. 

    Viu como a gente falou de reprodução humana com uma visão sociocultural?

    É lógico que eu posso aqui ficar fazendo uma explanação das drogas, dos procedimentos e ficar com a boca quadrada como os médicos adoram, mas absolutamente não é o meu jeito. Meu jeito é de fazer a ciência penetrar na vida das pessoas e fazer as pessoas penetrarem na ciência para tê-la a seu favor.

    Quantos filhos o senhor tem?
    Uma, porque eu trabalho com qualidade e não com quantidade [ele ri]. Minha filha é uma mulher que hoje tem 38 anos. E tenho uma neta de 14 anos. Vou falar uma coisa aqui que acho muito importante, muito importante mesmo: nós precisamos reprogramar a vida com a visão de reprodução não dos tempos antigos, mas dos tempos atuais. Quem tem filhos tarde vive mais, já está provado. A gente precisa ter filho, filho é qualidade de vida.

    Qual é a notícia que você gostaria de ler sobre a sua especialidade amanhã nos sites de notícia, na Folha de São Paulo?
    Os planos de saúde vão pagar fertilização in vitro. 

    Isso vai ser possível um dia?
    Não. Há uns 10 anos, fui a Brasília algumas vezes e fiz um estudo atuarial de quanto isso custaria para cada mensalidade dos planos de saúde, contratei uma empresa para isso. É obsceno o valor que isso captaria: o equivalente, na época, a um acréscimo de R$ 0,80 a R$ 1,20 na mensalidade. Que fossem R$ 5 hoje. Se todo mundo pagasse isso a mais no plano de saúde, haveria dinheiro para pagar os tratamentos de fertilidade para quem assim desejasse. Só não teremos isso por causa de outros interesses não ligados aos modelos econômicos de saúde do nosso sistema. 

    E, depois de eu passar dois anos estudando e lutando, indo a Brasília, fazendo passeatas e não sei o quê, cheguei à conclusão que eu estava dando murro em ponto de faca. 

    Mas isso é o que traria para 60 milhões de brasileiros uma facilidade muito grande, e daria um alívio para o SUS poder investir em outras coisas. Penso também em outros caminhos que podem ser muito interessantes, mas com um papel social não tão abrangente. Por exemplo: algumas empresas do mundo têm um serviço de oferecer para mulheres de 34 anos, por aí, a guarda de óvulos paga pelas companhias. 

    Eu entendo que os parceiros deveriam dar, no Dia dos Namorados ou de aniversário, a guarda de óvulos para suas namoradas. 

    E que os pais deviam dar paras suas filhas quando saem da universidade a guarda de óvulos. Esse, sim, é um presente com uma visão de felicidade futura.

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