• Bloom Care auxilia empresas a cuidar da saúde de mulheres e famílias

    bloom care trio
    O trio à frente da Bloom Care (da esq. para dir.): Bianca Cassarino, CFO; Antonia Teixeira, cofundadora; Roberta Sotomaior, cofundadora e CEO. (Foto: Duda Portella)
    Jose Renato Junior | 27 jun 2022

    É comum encontrar queixas de mulheres que desejam ser mães ou que engravidaram sem suporte das empresas em que trabalham ou trabalhavam. Além disso, há situações em que as empresas acham brechas na lei que as permitam demitir essas colaboradoras recém-mães ou ao menos congelar promoções ou crescimento interno delas.

    Para que isso não vire regra, há empresas trabalhando para mudar esse cenário. um exemplo é a Bloom Care. Autodeclarada como “maior clínica digital de saúde da mulher e da família do Brasil”, a healthtech surgiu com o propósito de mudar a forma como as empresas cuidam de suas colaboradoras. 

    Com foco no público feminino, a femtech oferece uma jornada de saúde completa, com o objetivo de apoiar as mulheres em todas as fases da jornada reprodutiva: do planejamento familiar – passando por questões de fertilidade e adoção – até a gravidez e o puerpério. 

    Roberta Sotomaior, CEO e cofundadora da Bloom Care, sócia do negócio ao lado de Bianca Cassarino e Antonia Teixeira, descreve o serviço: 

    “Somos uma plataforma de cuidado para saúde da mulher e trabalhamos oferecendo conteúdos, atendimento por chat e telemedicina. Nós também temos três produtos principais: a bloom fertilidade, a bloom gravidez e pós-parto e a bloom parentalidade.”

    Primeiros passos

    A Bloom Care nasceu em 2018 como uma plataforma de educação e saúde para mães e pais. A ideia inicial era ser uma espécie de “google” focado em parentalidade. Em outras palavras, uma plataforma de conteúdo que serviria como uma ferramenta confiável para criar crianças mais saudáveis. 

    “Descobrimos, de início, que 76% das mães brasileiras estavam na internet em busca desse tipo de informação, ao mesmo tempo em que a ciência validava a importância da primeira infância para o desenvolvimento da criança até a vida adulta. Então nosso primeiro produto foi uma plataforma de conteúdo de educação e saúde na primeira infância”, relembra Roberta. 

    O modelo B2B (business to business) foi o primeiro testado e o primeiro a falhar. Segundo as fundadoras, o modelo não vingou porque não há a cultura de pagar por conteúdo aqui no Brasil. Foi quando elas seguiram o roteiro comum de muitas startups e entraram para uma aceleradora, a Estação Hack. 

    “Na aceleradora, adquirimos uma cultura de dados e um laboratório para testar modelos de negócios. Começamos a testar um modelo B2C (business to consumer) e fechamos com a Natura um piloto para 15 mil mães de crianças de 0 a 2 anos. Acompanhamos essas mulheres usando nosso conteúdo e nossa plataforma de educação e saúde”, diz. 

    O processo durou 7 meses e foi feito em parceria com pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que avaliaram alguns indicadores sobre a experiência das mães com o serviço: satisfação com a maternidade (antes e depois da interação com a Bloom Care); bem-estar; como as mulheres se sentiam para cuidar dessa criança após esse conteúdo; qualidade do vínculo entre mães e filhos; entre outros. 

    “O maior aprendizado, em termos de produto, foi entender que só esse conteúdo não era suficiente. Só o saber não resolvia o problema da maternidade daquelas mulheres”, pontua Roberta.

    “Elas precisavam, em muitas situações, falar com alguém, acessar atendimento de qualidade de profissionais de saúde que colocassem aquele conteúdo em prática. E foi aí que evoluímos de uma plataforma de conteúdo para uma plataforma de serviços. Foi quando incluímos o chat e a telemedicina. Isso ocorreu em 2019.”

    Amadurecimento

    O crescimento acelerado e as rápidas escaladas são muito incentivadas na cultura de startups. No campo da saúde, contudo, é preciso tempo de avaliação – o que a Bloom Care entendeu e respeitou desde o início da trajetória. A healthtech também percebeu que as empresas valorizaram o serviço oferecido por ela não somente pelo fator humano, mas também pela economia potencial, uma vez que colaboradores bem cuidados são colaboradores que acionam menos o convênio médico, por exemplo. 

    A Bloom Care se tornou então o primeiro benefício corporativo focado em mulheres, fertilidade e na família como um todo – o app permite que até duas pessoas possam sejam cadastradas para usufruir dos atendimentos e conteúdos, incluindo o companheiro da mulher atendida.

    “Hoje o valor pago mensalmente pelas empresas depende do tamanho, da quantidade de colaboradores que vão usufruir. Algumas empresas nos consultam sobre a possibilidade de adquirir apenas uma jornada, mas quando elas enxergam nossa proposta de valor, entendem a importância da jornada contínua e completa. Primeiro porque, muitas vezes, as mulheres estão em mais de uma jornada, por exemplo, tentando engravidar e já sendo mãe de uma outra criança. E, segundo, porque torna a jornada mais inclusiva, com uma nova parceria para vários desafios”, conta Roberta.

    Para atender as clientes, há uma equipe multidisciplinar composta por mais de 40 médicas da família, psicólogas e enfermeiras. Apesar de ser digital, a Bloom Care também conta com parceiros que disponibilizam exames ou que encaminham a paciente para um pronto atendimento ou para uma consulta física. 

    Recentemente, a Bloom Care fechou uma parceria com a Huntington, um dos maiores grupos de reprodução assistida da América Latina, para oferecer acesso e acompanhamento na jornada de fertilidade das clientes. Neste, que é o quarto produto da empresa, o foco está na saúde da mulher de maneira geral, e não só em sua saúde reprodutiva. 

    O grupo ainda busca melhorar a experiência do usuário na plataforma, investindo em tecnologia e em pessoas. “Já aprendemos como vender, validamos nosso modelo de negócios e a próxima fase é investir em uma experiência personalizada e engajar o maior número de mulheres que já estão dentro das empresas clientes. Com nossos contratos já assinados, temos um potencial de 2 milhões de vidas”, conclui Roberta.

    Do outro lado do balcão

    Ana Oliva Bologna, presidente do conselho da empresa Astra, começou sua jornada na Bloom Care como usuária. Mãe de dois filhos pequenos, ela encontrava na plataforma as informações que buscava sobre educação e parentalidade, em meados de 2017. “Elas tinham um site que era de orientação parental, um aplicativo que tinha vários SOS para quando a criança faz birra e outras coisas. Aprendi muito com esse conteúdo”, conta.

    Quem indicou a plataforma para Ana foi seu atual marido. “Ele era investidor anjo das meninas lá na Bloom Care e também estava no conselho da minha empresa. Foi ele quem me deu essa dica valiosa”, relembra. Ana gostou tanto que, quando soube que elas começariam o modelo de negócios com foco em empresas, não teve dúvidas: começou a conectar a Astra à startup.

    “Acreditamos que se os pais tiverem um suporte psicológico da empresa, isso vai fazê-los trabalhar melhor. Como empresária, isso é interessante para mim. Além disso, como mãe, me preocupo porque conheço as dores. Pensando pelo lado dos gestores da saúde, quando pessoas vão ao hospital com os filhos sem necessidade, isso representa um custo. Se a pessoa tiver orientação, facilidade de atendimento e suporte, esse custo pode ser mitigado”, explica Ana.

    Quando a Astra contratou a Bloom Care, Ana quis participar da ativação pessoalmente. Ela entendeu que, como usuária, teria muito a contribuir ajudando as novas cadastradas, além de aproximar a gestão da equipe. 

    Foi nessa ativação que ela se deu conta de que muitos homens queriam participar e se envolver, e de que haviam ali tutores de crianças mais velhas – até então, a Bloom Care atendia pais de crianças de até 6 anos, mas hoje ampliaram idade máxima dos filhos para 11 a pedido da Astra. 

    “Temos 165 cadastrados em uma base de 300 que poderiam utilizar o aplicativo. A meta é fazer com que nossos colaboradores estejam cada vez mais engajados no uso da plataforma. Acredito muito em dar apoio, suporte e cuidar das pessoas”, completa Ana.

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