• Especializada em atenção primária, a Cuidas quer diminuir a procura por serviços emergenciais e ajudar as empresas a reduzir custos

    João Henrique Vogel, Deborah Alves e Matheus Silva (da esq. para a dir.), os fundadores da Cuidas
    Jose Renato Junior | 23 jun 2021

    Foi entre 2012 e 2016, a mais de 7 mil quilômetros de distância do Brasil, lá nos Estados Unidos, que Deborah Alves, João Henrique Vogel e Matheus Farias Silva tiveram a ideia de criar no país de origem deles uma empresa especializada em atenção primária à saúde. 

    A Cuidas nasceu do desejo de contribuir com uma solução em tecnologia que reduzisse as ineficiências e os desperdícios do sistema de saúde brasileiro, tanto no setor público como privado. 

    Os empreendedores se conheceram enquanto estudavam no exterior e usaram como modelo de negócio as iniciativas implementadas em países como Austrália, Reino Unido e Canadá.

    “Depois de muitos estudos e pesquisas, percebemos que, através do cuidado com a saúde e atenção contínua, é possível diminuir consideravelmente a procura por serviços emergenciais e, na outra ponta, ajudar as empresas a reduzir custos também”, explica João Henrique Vogel, CEO e cofundador da Cuidas.

    Por isso, o principal diferencial da healthtech é oferecer assistência para os colaboradores de seus clientes de maneira integral, com um valor de investimento por vida que representa apenas de 5% a 20% do preço de um plano de saúde tradicional. 

    “Para empresas de maior porte, que geralmente possuem plano de saúde, a Cuidas entra a fim de eliminar possíveis desperdícios com a utilização dos planos, acarretando em uma economia e, consequentemente, menos ajustes junto às seguradoras”, completa João.

    EQUILÍBRIO DE ACESSO E QUALIDADE EM ESCALA

    O primeiro olhar do trio foi em direção ao que já estava disponível no setor de saúde no Brasil. A conclusão que chegaram é a de que o país ainda está longe de ter uma solução de saúde que equilibre acesso e qualidade em escala. 

    “O SUS, acessado por mais de 163 milhões de brasileiros, oferece atendimento universal, mas com qualidade longe de ser ideal. Já a saúde suplementar é cara por definição, porque menos de ¼ dos brasileiros conseguem acessá-la, e ainda assim, o serviço também é frequentemente questionado, seja do ponto de vista de qualidade de cuidado ou da experiência”, aponta o CEO. 

    Ao observarem o que outros países estavam fazendo de diferente, os empresários encontraram ótimos pontos de equilíbrio entre qualidade e acesso. 

    “Verificamos como denominador comum a cultura de apostarem na atenção primária como porta de entrada do sistema de saúde”, afirma João.

    Assim, o foco é na saúde, e não na doença, E este foi o pontapé para que, no retorno para o Brasil, Debora, João e Matheus tirassem as ideias do papel e criassem, em 2018, a Cuidas. 

    O trabalho da startup está baseado, segundo explica o CEO, em um acompanhamento de longo prazo na saúde dos usuários. A ideia é entender o estilo de vida de cada um, seus contextos e individualidades, para então propor mudanças de hábitos, com o objetivo de oferecer mais qualidade de vida. A redução de desperdícios e dos custos com outros recursos do sistema de saúde é a consequência disso.

    A primeira rodada de investimentos, liderada pela Kaszek e acompanhada por outros investidores e fundos minoritários, foi de aproximadamente R$ 5 milhões.

    FOCO EM RESOLVER UMA DOR IMPORTANTE DO MERCADO 

    E foi com este investimento inicial que o trio resolveu se dedicar à construção de uma tecnologia proprietária para a Cuidas. Depois de muitos estudos, erros e acertos, eles chegaram às soluções atuais. 

    O objetivo da Cuidas é levar para dentro das empresas clientes mais qualidade de vida e bem-estar para os colaboradores, contribuindo para a diminuição do absenteísmo e sinistralidade. Para isso, atua com foco na continuidade temporal do cuidado.

    A healthtech conta com um aplicativo, onde os usuários conseguem agendar seus atendimentos e falar via chat com a equipe de saúde. Tem também um prontuário eletrônico desenhado para a atenção primária, que automatiza as linhas de cuidado para cada usuário – o que personaliza ainda mais o atendimento.

    Outra plataforma com a qual a healthtech conta é o portal da empresa, que é o local onde os gestores podem acessar informações administrativas do seu quadro de colaboradores, por exemplo. 

    O resultado da junção de tecnologia de ponta com ótimos profissionais é apresentado nos atendimentos, sejam eles presenciais ou virtuais.

    Isso porque em 90% das consultas não foi necessário encaminhamento para o pronto-socorro ou outros subespecialistas. Tudo foi resolvido já neste primeiro contato. 

    “A nossa equipe de saúde é capacitada e qualificada para resolver desde questões mais simples, como dores de cabeça, e casos crônicos (como hipertensão e diabetes) até a desenvolver linhas de cuidados focadas em saúde mental”, esclarece.

    Com isso, no ano passado, mais uma rodada de investimentos foi realizada pela Kaszek, pela Península Participações, fundo de Abilio Diniz, e pelo investidor-anjo Jorge Paulo Lemann, no valor de R$ 17 milhões. 

    CRESCIMENTO E ATENDIMENTOS EM SAÚDE MENTAL

    Os bons números refletem, também, no crescimento da healthtech, já que no comparativo do ano passado com 2019 a Cuidas teve um crescimento de 3 vezes. E as projeções para 2021 são ainda melhores. 

    “Conseguimos atrair clientes que multiplicarão a nossa receita recorrente mensal em pelo menos 4 vezes já no terceiro trimestre. E ainda esperamos crescer pelo menos 6 vezes este ano, mas a nossa ambição é muito maior do que essa”, comemora João.

    O trio pretende agora expandir os investimentos em atendimento psicológico, coisa que as empresas e usuários têm pedido bastante nesse momento de pandemia.

    “Com o aporte que recebemos recentemente, também estamos implementando novas funcionalidades na plataforma e potencializando nossa experiência de saúde para o usuário”, afirma João.

    “Além disso, estamos otimizando a visualização de dados – anonimizados – pelos times de RH das empresas que atendemos.”

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