• Aplicativo previne acidentes com idosos – inclusive evitando quedas

    Fabiana Almeida CEO TechBalance
    Fabiana Almeida, CEO e fundadora da TechBalance. (Foto: Divulgação)
    Jose Renato Junior | 4 jul 2022

    Quando o assunto envolve o risco de quedas e, por consequência, algum tipo de fratura, automaticamente vem à cabeça a população mais idosa. Afinal de contas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), ligado ao Ministério da Saúde, estima-se que a cada três indivíduos com mais de 65 anos, um sofrerá esse tipo de acidente. 

    Além disso, a cada vinte pessoas que passam por uma situação de queda, pelo menos uma tem fratura ou precisa de internação.

    O assunto fica mais sério quando constatamos que, atualmente, quase um quinto da população brasileira encontra-se acima dos 60 anos, segundo um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

    Resumindo, a estimativa é de que, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. 

    Tecnologia preventiva

    Diante de dados como estes, é importante que os setores público e privado atentem para a população idosa – crescente e frágil fisicamente. Um movimento que acompanha essa preocupação é o da TechBalance. 

    A healthtech, fundada em 2018, criou um aplicativo e um site de diagnóstico para exames de risco de quedas e lesões com plataforma BI de gestão populacional e performance individual para todas as idades.  

    “As pessoas podem fazer o teste da TechBalance e entender que alguns movimentos e posturas são mais difíceis. Com o resultado do teste é possível saber o que precisa melhorar e como fazer esses exercícios de forma simples, em casa”, diz Fabiana Almeida, CEO e fundadora da TechBalance. 

    Ela conta, também, que a tecnologia da TechBalance prevê a reavaliação periódica do paciente a fim de gerar dados para comparar a evolução do idoso e para que ele se mantenha vigilante para prevenção de acidentes, sobretudo de quedas.

    “Sempre pensando nos primeiros sinais de risco, muito antes da lesão, da dor ou do acidente”, acrescenta Fabiana.

    Desenvolvimento passo a passo

    Fabiana explica que conhecia a metodologia tradicional de estudo do movimento que já tinha processos para avaliar o risco de quedas, os movimentos, a força muscular e a marcha humana. 

    “Eu imaginava criar o mesmo conceito de rastreio do movimento a partir do centro de massa corporal usando uma tecnologia portátil, escalável e acessível. Eu usei o mesmo conceito de posição e deslocamento da tecnologia dos drones, só que apliquei para o ser humano”, afirma. 

    A ideia, portanto, era que, se colocassem o chip do drone em um paciente, seria possível ter acesso ao sinal de deslocamento dessa pessoa. “Mais tarde, descobri que os mesmos sensores do chip dos drones já existiam dentro das placas dos celulares comuns, com funções ligadas à câmera dos smartphone. 

    O desafio, então, foi chegar num nível alto de processamento de sinal que excluísse os ruídos e trouxesse acuidade para os dados dos celulares. “E durante um mestrado que realizei, entendi que tinha um caminho bem factível. Validei esse trajeto desenvolvendo uma patente”, esclarece a CEO.

    Experiência profissional

    Fabiana, que é fisioterapeuta, conta que o gatilho para a criação da healthtech se deu a partir do trabalho com idosos. Ela tratava os pacientes no pós operatório de quadril, ou após algum evento de queda. 

    “Eu vi que a insegurança da vida num estado frágil, depois de uma grande cirurgia, por exemplo, era um divisor de águas na qualidade de vida dessas pessoas, que passavam a ficar dependentes dos familiares e muito tristes com a situação de incomodar. Além das dores e da depressão que muitos desenvolvem”, lembra.

    E além da experiência como fisioterapeuta, a CEO também atuou como gestora de saúde, e aprendeu sobre os processos burocráticos de uma empresa ligada à saúde: 

    “Quando estive no SUS, nos 7 anos em que trabalhei no Programa de Saúde da Família, aprendi sobre gestão de risco populacional e atenção primária à saúde. Recentemente, trabalhei na gestão financeira de clínicas médicas e então tive a visão de gestão de recursos, fluxo de caixa, investimento em marketing e desenvolvimento de novos produtos”, conta.

    Todos ganham

    Como um bom produto a ser disseminado, o modelo de negócios da TechBalance visa a contribuir não somente com o paciente, mas também com os profissionais da saúde.

    Isso porque, os exames realizados pela plataforma podem facilitar a rotina de avaliações, além de serem um apoio na decisão sobre como abordar o tratamento. “Os profissionais podem, inclusive, usar esses dados como leads para as clínicas, gerando oportunidade de receita com revenda dos exames e dos tratamentos convertidos”, argumenta Fabiana. 

    E tem mais: o produto também ajuda a entender melhor o perfil do paciente, além de mostrar se o tratamento escolhido está funcionando bem. 

    Atualmente, a TechBalance atua no mercado B2B ao vender pacotes mensais de licença do software. “Geralmente, nosso cliente compra para gerar economia ou para revender os exames, o que pode gerar uma receita para ele”, afirma a CEO da empresa.

    Crescimento e futuro

    Fabiana afirma que 2021 foi um ano próspero para a TechBalance, com um crescimento cinco vezes maior do que o esperado. “Faturamos R$ 80 mil por mês e houve o crescimento de 3 mil usuários para mais de 11 mil”, comemora. Para esse ano, o foco é dobrar o faturamento.

    Já para 2023, a proposta é estender o serviço, ampliar os horizontes, inclusive para fora do país, trabalhar mais ativamente na parte de inteligência da informação e relacionamento com o usuário, funcionando mais como plataforma, com a qualidade dedicada à informação.

    “A TechBalance tem o potencial de se tornar uma plataforma de gestão de risco populacional baseada nos desfechos funcionais das pessoas, para engajamento na prevenção e vida ativa”, conclui a fundadora e CEO da empresa.

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