A população brasileira tem cada vez mais idosos. De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de 2040, o país terá mais pessoas acima dos 65 anos do que jovens de até 14 anos.
Com o passar dos anos, algumas complicações de saúde surgem, como as ortopédicas. Uma pesquisa publicada no The Journal of Bone and Joint Surgery, aponta que a estimativa é de que procedimentos de cirurgia de artroplastia de quadril nos Estados Unidos aumentem 174% até 2030.
Diante de dados como esse, é primordial que a indústria da saúde, com a ajuda da tecnologia, produza sistemas que contribuam para que as cirurgias sejam mais assertivas. É o caso da tecnologia Velys, criada pela JointPoint, empresa americana adquirida pela Johnson & Johnson.
Marco Aurélio Neves, ortopedista especialista em cirurgia do quadril e joelho e profissional, descreve a novidade:
“Velys é uma tecnologia digital desenvolvida para ajudar o cirurgião durante o procedimento de prótese total de quadril, com a finalidade de aumentar a precisão tanto da escolha como da colocação dos implantes.”
O sistema foi desenvolvido especificamente para cirurgia de prótese do quadril, desenhado para oferecer uma solução que garanta precisão neste tipo de cirurgia. “Porém, existe também uma versão para o procedimento de prótese de joelho associado a um braço robótico que deve chegar no Brasil nos próximos meses”, conta o ortopedista.
Ainda de acordo com Neves, antes do procedimento, o sistema permite que o médico realize o planejamento digital a partir de uma radiografia virtual para prever qual é o tamanho ideal do implante para o paciente, uma vez que cada pessoa tem uma anatomia específica.
“Porém, tão importante quanto escolher a prótese que mais se adequa a cada paciente, é colocá-la na posição mais precisa a fim de que a mobilidade, a estabilidade e o comprimento da perna se ajustam. É ai que o Velys dá sua maior contribuição”, afirma o ortopedista.
Portanto, antes de começar a cirurgia, o médico usa um aparelho de fluoroscopia, que tira uma imagem do quadril do paciente na sala de cirurgia.
“Esta imagem é inserida no software do sistema Velys que, mais uma vez, vai determinar o tamanho dos ossos e quais tamanhos de implante podem se encaixar melhor”, conta Neves.
Já durante a cirurgia, o profissional usa instrumentos para testar a melhor posição para a prótese. “E uma última imagem fluoroscópica é feita para confirmar que a posição final dos implantes é a correta para o quadril.
Assim, a prótese definitiva é colocada no tamanho e na posição mais adequada para cada paciente”, aponta.
As benfeitorias da tecnologia para os pacientes são visíveis, a começar pela precisão do Velys na definição do comprimento da perna. O aparelho ajuda a restaurar o tamanho do membro quando o paciente apresenta encurtamento ou ao menos mantê-lo próximo ao tamanho original, antes da intervenção.
“Além disso, o sistema também mantém os componentes na posição mais adequada. E isso traz uma diminuição significativa na probabilidade de complicações como a luxação (quando a cabeça do fêmur desencaixa do componente da bacia). Um posicionamento mais preciso aumenta a estabilidade da nova articulação”, esclarece Neves.
Para o profissional da saúde, os benefícios da tecnologia estão na capacidade de reproduzir, de forma sistemática, resultados precisos sem que o médico dependa exclusivamente da sua percepção e experiência. “Isso diminui a chance de variações”, fala o ortopedista.
Com mais dados e informações, o sistema Velys também contribui para a redução do tempo cirúrgico, uma vez que há menor necessidade de uso de provas e conferências.
“Os estudos nos mostram que o uso de Velys pode reduzir em até 40 minutos o tempo do procedimento cirúrgico, e em 38% a necessidade de exposição de médicos e pacientes à radiação , bem como a diminuição de complicações”, afirma Juliano Sousa, gerente sênior da Johnson & Johnson MedTech.
Lançada em 2022 no Brasil, a tecnologia estreou nos centros cirúrgicos dos seguintes hospitais: Albert Einstein, Moriah, Rede Santa, Hospital das Clínicas, e Rede D’Or.
“Atualmente, o Velys está presente em mais de 15 países, entre eles: Austrália, Chile, Brasil, EUA e México. E já foram realizados mais de 60 mil procedimentos com a tecnologia”, comemora Sousa.
Aliás, a ideia da Johnson & Johnson MedTech é expandir o uso da tecnologia pelo Brasil, sem detalhes sobre os próximos passos e sobre regiões a serem atendidas num primeiro momento. Vamos aguardar.