No Brasil desde 1919, a farmacêutica francesa Sanofi tem em seu portfólio medicamentos que parece que estão desde sempre em nossas vidas. Caso da Novalgina, por exemplo, ou do Dorflex.
Em 2009, ao adquirir o laboratório Medley, o grupo passou a atuar no segmento de anticoncepcionais. Cresce lá, no entanto, um movimento que olha além dos medicamentos – é o chamado “beyond the pill”.
“Na Sanofi, o acesso à saúde vai muito além do uso de medicamentos”, afirma a ginecologista e obstetra Fabiana Sanches, gerente médica de General Medicines para a Sanofi Brasil.
“O movimento ‘beyond the pill’ é focado em iniciativas e serviços da indústria para aprimorar a qualidade de vida em todas as fases de vida das mulheres”, explica.
De acordo com a médica, um dos focos das ações do grupo é o bem-estar, a qualidade de vida e a longevidade da mulher, o que é promovido com iniciativas como a criação de uma rede de apoio feminina que tem como finalidade desenvolver a autoestima, com reflexos na melhoria da saúde mental.
Fabiana, que está desde 2016 na farmacêutica e já passou por outros laboratórios como Aché e por hospitais, tem residência pela Universidade Federal de São Paulo, um MBA em gestão em saúde pela Fundação Getulio Vargas e especializações em marketing, gerência de marketing e negociação pela Harvard Business School Executive Education.
Nesta entrevista, ela conta sobre o “beyond the pill”, sobre investimento da indústria farmacêutica na prevenção de doenças, seu trabalho como gerente médica de um grande laboratório e várias outras coisas.
A pandemia trouxe uma carga muito pesada para todos, mas especialmente sobre a mulher. A Medley, uma empresa do grupo Sanofi, por exemplo, fez campanhas voltadas para a saúde feminina. Como você viu esse movimento?
A Medley desenvolveu a iniciativa “Conta, Mana”, que tem como objetivo trazer luz e discutir sobre a saúde mental das mulheres partindo de um termo que muitas já usam e dominam: o bem-estar. Por meio de debates em diversas plataformas, como programas femininos da TV aberta, até conteúdos disponíveis no site da campanha e redes sociais, a marca propôs ações para que as mulheres pudessem entender a importância de promover a saúde mental em suas vidas e os benefícios que ela traz. Ter grandes marcas que apoiem movimentos como esse é fundamental.
O bem-estar da mulher é essencial para a sociedade, e como ginecologista é um prazer para mim falar sobre qualidade de vida, longevidade e bem-estar feminino.
Desde o cuidado com os filhos, a casa e a família, onde muitas vezes o bem-estar do outro é prioridade, muitas mulheres enfrentam a normatização do cansaço, do se sentir mal sem saber o motivo, sem entender que a sobrecarga mental é a responsável por tanto desconforto, psicológico e físico.
Na Sanofi, o acesso à saúde vai muito além do uso de medicamentos.
E, por isso campanhas como “Conta, Mana” são tão importantes para garantir que, pela construção de uma rede apoio, as mulheres possam desenvolver autoestima, empoderamento e, consequentemente, terem acesso a uma vida mental mais saudável.
A Sanofi, internamente, também se preocupou com isso? Que ações foram tomadas nos últimos meses que você acha interessante citar?
Nos últimos meses, especialmente em decorrência dos impactos da pandemia, mas não exclusivamente por isso, a Sanofi promoveu muitas ações internas e externas focadas em gerar impacto social, aumentar a conscientização sobre a igualdade de direitos e em promover melhores condições de trabalho e valorização para mulheres dentro e fora da empresa.
Com uma estratégia de negócio focada em capacitar e desenvolver lideranças femininas em todas as áreas, uma das ações criadas para acelerar o equilíbrio de gêneros que favorece o desenvolvimento saudável da carreira feminina é o Programa de Mentoria para Mulheres, o Female Mentoring.
Por meio desse programa, funcionárias recebem mentoria para contribuir no desenvolvimento de suas carreiras. Outras ações como a política de pagamento de despesas de hospedagem para acompanhante e bebê de mães que estejam com filhos em idade de amamentação durante as convenções da Força de Vendas merecem destaque. Além disso, a Sanofi Brasil assinou compromisso com um dos movimentos mais importantes do País na área de diversidade: os Princípios de Empoderamento das Mulheres [ONU Mulheres e Pacto Global], que também tem essa agenda.
Vale destacar ainda ações internas como o programa 5 Saúdes, que engloba todos os colaboradores, mas que tem como premissa alavancar a conscientização sobre a importância do autocuidado.
Esse programa é baseado no conceito das 5 Saúdes [o conceito engloba atenção à saúde espiritual, física, social, familiar e financeira], reforçando boas práticas que apoiam o equilíbrio da jornada pessoal e profissional dos colaboradores e também pelo suporte de ações ao bem-estar físico, mental, social, financeiro e espiritual já disponíveis na Sanofi.
Vem crescendo o movimento chamado “beyond the pill”. O que exatamente é ele?
Um dos maiores avanços que a indústria farmacêutica pôde trazer para as mulheres foi a pílula anticoncepcional. Ela veio revolucionar a maneira como a mulher lida com a sua sexualidade e proporciona o poder de escolha sobre a maternidade. E a indústria está ao lado da mulher desde então, com um papel muito importante em questões de reprodução humana.
Mas, muito além das medicações, o movimento “beyond the pill” é focado em iniciativas e serviços da indústria para aprimorar a qualidade de vida em todas as fases de vida dessas mulheres.
A Sanofi é uma empresa parceira da jornada de saúde que visa proteger, capacitar e apoiar mulheres e pacientes em geral. O objetivo é que eles possam viver a vida em todo o seu potencial.
As farmacêuticas estão mais preocupadas com a prevenção, com o “healthcare” mesmo?
A indústria precisa trazer soluções de saúde para diferentes momentos e fases da vida. O mundo está em constante mudança e, para acompanharmos esse movimento, o foco das soluções de Sanofi está em melhorar a jornada do paciente, por meio da prevenção e tratamento. E temos a missão de levar o melhor para o paciente. Sabemos que as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morte no Brasil e muitas medidas para minimizar os impactos destas doenças estão em prevenção, melhor controle de doenças e também qualidade de vida.
Temos de entender as necessidades dos pacientes e dos sistemas de saúde, tanto público quanto privado, para que as soluções cheguem a quem mais precisa delas.
Em nossa unidade de medicamentos para cuidados primários [General Medicines], fornecemos soluções sob medida para as necessidades de pacientes e profissionais de saúde, empoderando vidas diariamente. É nosso dever e nosso orgulho apoiar em todas as direções uma abordagem inovadora próxima ao paciente.
Nossas soluções de cuidados integrados visam melhorar os resultados e as experiências dos pacientes.
Desenvolvemos medicamentos inovadores e baseados em valor e soluções conectadas, projetadas para atender às necessidades médicas e sociais mais urgentes. Com isso, buscamos ajudar as pessoas com as comorbidades atendidas a melhorar sua qualidade de vida apoiando a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
Como é exatamente o seu trabalho na Sanofi, dra. Fabiana? Descreva um dia comum seu para quem não entende o trabalho de um gerente médico.
Temos um papel muito amplo dentro da indústria farmacêutica. O gerente médico é o representante de médicos e pacientes dentro da indústria. Nosso papel é fundamental para toda a estratégia dos medicamentos que são desenvolvidos e comercializados pelos laboratórios. Trabalhamos muito para garantir que as informações para os médicos sobre nossos medicamentos sigam todo o rigor científico e ético.
Participamos de treinamentos de força de vendas, dando aulas, participando de simulações e auxiliando na formação desses profissionais.
Também trazemos as necessidades dos nossos pacientes em relação a novos tratamentos ou novas formas farmacêuticas de medicamentos para tratar as mais diversas condições clínicas. Temos funções fundamentais junto às agências reguladoras – a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], por exemplo – juntamente com outros setores da empresa nas questões que envolvem os medicamentos, como registro e renovações de registro, desenvolvimento e revisão das bulas.
Há ainda muitas outras funções como responder a dúvidas de médicos e pacientes e as agendas de conteúdo para programas de educação científica para médicos.
Nosso papel também é muito importante nos estudos clínicos para o desenvolvimento de novos medicamentos. O trabalho de um gerente médico é muito abrangente dentro da indústria e nosso dia a dia é bem dinâmico.
Conta um pouco da sua carreira também? Por que escolheu a medicina e, mais especificamente, a ginecologia?
Sou médica e completei recentemente 25 anos de formada. Sempre gostei muito das áreas de saúde e a escolha pela medicina veio naturalmente. Ao contrário de muitos colegas, não tenho nenhum médico na família, então eu não tinha um parâmetro ou um exemplo. E a escolha pela ginecologia e obstetrícia veio por alguns motivos. Sempre gostei da parte clínica, mas também gostava muito de cirurgia, então uma especialidade “mista” seria o ideal. Além disso, a obstetrícia é uma especialidade fascinante.
E como e por que você decidiu ir trabalhar para a indústria?
A decisão de vir trabalhar na indústria se deu pelo fato de eu sempre ter gostado muito de dar aulas, por isso minha primeira experiência com a indústria foi dando aulas para médicos. A partir daí fui conhecendo mais o ambiente da indústria e vi a oportunidade de também conhecer muito outras especialidades médicas. Hoje eu atuo com medicamento em diversas outras áreas além da ginecologia e isso me mantém muito atualizada, especialmente na participação em congressos e eventos, onde tenho acesso e contato com muitos médicos de diferentes especialidades, o que ajuda muito no meu dia a dia como médica.